Estatística como ferramenta para impulsionar a saída da população LGBTQIA+ do armário das Políticas Públicas, utilizando dados do SINAN-RS

Abstract

Apesar do crescimento e fortalecimento do movimento LGBTI+ nas últimas décadas, ainda em 2023 essa população segue sendo posta à beira da sociedade, enfrentando preconceitos e violências, tanto físicas, quanto psicológicas. Portanto, este trabalho realizou uma análise sobre os desafios enfrentados, concentrando-se na carência de dados oficiais e políticas públicas específicas para essa população, tendo como foco o estado do Rio Grande do Sul. Utilizando-se da série histórica, de 2015 a 2022, dos dados do SINAN-RS, os quais contemplam pessoas que sofreram violência interpessoal ou autoprovocada. Pela possibilidade de se coletar informações quanto a identidade de gênero e a orientação sexual, constituem uma ferramenta potente para a produção de indicadores de entrada quanto a essas pessoas, foram destacadas informações sociodemográficas e características da violência sofrida pela população LGBTI+. Apresentou-se um dashboard desenvolvido para tornar essas informações mais acessíveis. Adicionalmente, foram explorados fatores associados à lesão autoprovocada, revelando um aumento significativo de 35% da probabilidade de ocorrer a lesão autoprovocada quando a pessoa é identificada como LGBTI+. Este trabalho não apenas ajuda a preencher uma lacuna crítica de dados sobre a população LGBTI+, mas também visa sensibilizar e fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas mais inclusivas.

Despite the growth and strengthening of the LGBTI+ movement in recent decades, as of 2023, this population continues to be marginalized, facing prejudice and violence, both physical and psychological. Therefore, this study analyzed the challenges faced, focusing on the lack of official data and specific public policies for this population, focusing on the state of Rio Grande do Sul. Utilizing the historical series from 2015 to 2022 of SINAN-RS data, which include individuals who have experienced interpersonal or self-inflicted violence. Due to the ability to collect information regarding gender identity and sexual orientation, these data serve as a powerful tool for producing entry indicators for these individuals. Sociodemographic information and characteristics of violence suffered by the LGBTI+ population were highlighted. A dashboard was presented to make this information more accessible. Additionally, factors associated with self-inflicted injury were explored, revealing a significant 35% increase in the probability of self-inflicted injury when the person is identified as LGBTI+. This work not only helps fill a critical data gap about the LGBTI+ population but also aims to raise awareness and provide support for the formulation of more inclusive public policies.