A transição da onda rosa para a onda azul : impactos nos mecanismos de integração financeira do Mercosul de 2012 a 2019

Abstract

No final dos anos 1990, surgiu a chamada Onda Rosa, caracterizada pela ascensão de partidos de esquerda que buscavam promover reformas sociais. Esse período representou uma mudança significativa no cenário político da região, através do fortalecimento da democracia, bem como priorização de tópicos como a cooperação regional nas medidas de política externa dos países. Porém, a partir da metade dos anos 2010, houve uma reversão dessa tendência, com diversos partidos de direita conquistando o poder e dando origem à Onda Azul, também conhecida como Onda Conservadora. Esse movimento é caracterizado pela vitória de ideais de direita nos processos eleitorais e define a atual configuração de partidos e lideranças no poder. Além disso, esses governos adotaram medidas de política externa mais liberais e com isso a dinâmica da cooperação financeira pode ter enfrentado desafios devido à ênfase em acordos bilaterais e maior abertura ao comércio global. A partir das experiências decorrentes dessa transição, o presente trabalho buscou examinar as mudanças políticas e econômicas ocorridas na região, seus impactos nos mecanismos de integração financeira do Mercosul. O objetivo do trabalho é avaliar se a transição da onda rosa para a onda liberal representaram um avanço ou retrocesso para mecanismos como Fundo para a Convergência Estrutural e o Fortalecimento Institucional do Mercosul (FOCEM), o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML) e a Corporação Andina de Fomento (CAF), também conhecida como Banco de Desenvolvimento da América Latina, os quais foram importantes marcos para a integração financeira dos países que compõem o Mercosul.

By the end of the 1990s, emerged the so-called “Pink Tide”, characterized by the ascension of left-wing parties that looked to promote social reforms. This period represented a significant change in the political landscape of the region, through the bolster of democracy, as well as the prioritization of topics such as regional cooperation in external political affairs. Nevertheless, by the half of 2010s decade, there was a reversion of that trend, with various right-wing parties rising to power, which originated the so-called “Blue Wave”, also known as “Conservative Wave”. This movement is characterized by the win of right-wing ideals in respect of the electoral processes and defines the current parties and leadership configurations. Furthermore, governments adopted a more liberal set of external political measures, and by that, the financial cooperation dynamics could have faced challenges due to the emphasis on bilateral agreements and the increased opening of the world's market. By the experiences gathered from this transition, the present paper sought to examine the political and economical changes in the region, and the impacts of such changes in the financial integration mechanics in the Mercosur. The objective of the paper is to evaluate if the Pink Tide to Liberal Wave transition represented a breakthrough or a regression to mechanisms such as Structural Convergence Fund of MERCOSUR (FOCEM), Local Currency Payment System (SML) and development bank of Latin America (CAF), which were the most important marks to the financial integration of the Mercosur countries.