A influência da memória de trabalho na relação entre ansiedade e a aprendizagem por reforçamento

Abstract

A ansiedade é uma reação natural do indivíduo frente aos estímulos diários, que em níveis acentuados pode impactar o cotidiano e as funções cognitivas. A ansiedade pode interferir no desempenho cognitivo, com implicações para a aprendizagem. Tendo em vista que ainda não é possível afirmar de que maneira se dá essa interferência, a proposta deste estudo foi analisar a influência da memória de trabalho na relação entre ansiedade e a aprendizagem por reforçamento. Os participantes foram 57 adultos, de 18 a 30 anos, que responderam online a questionários sociodemográficos, a escala de estado de humor DASS-21, e uma tarefa de aprendizagem por reforçamento computadorizada com diferentes demandas da memória de trabalho. A tarefa é composta por 14 blocos, nos quais os participantes deveriam indicar qual tecla correspondia ao estímulo que aparecia na tela do computador e recebiam feedback para erros e acertos. Os blocos tinham baixa e alta carga cognitiva, dependendo da quantidade de estímulos apresentados. Níveis maiores de ansiedade na DASS-21 estiveram associados a melhor desempenho na tarefa nos blocos em que a memória de trabalho estava menos sobrecarregada. Na condição de alta carga cognitiva, a ansiedade não influenciou a aprendizagem por reforçamento. Sugere-se que situações de baixa carga cognitiva podem ser favoráveis ao desempenho de indivíduos com sintomas subclínicos de ansiedade, enquanto que a alta carga cognitiva não é favorável ao desempenho dos indivíduos em geral.

Anxiety is a natural reaction of the individual to daily stimuli, which at accentuated levels can impact daily life and cognitive functions. Anxiety can interfere with cognitive performance, with implications for learning. Considering that it is still not possible to determine how this interference occurs, the purpose of this study was to analyze the influence of working memory on the relationship between anxiety and reinforcement learning. Participants were 57 adults, aged 18 to 30, who completed online sociodemographic questionnaires, the DASS-21 Mood State Scale, and a computerized reinforcement learning task with different demands on working memory. The task consists of 14 blocks, in which the participants should indicate which key corresponded to the stimulus that appeared on the computer screen and received feedback for errors and hits. The blocks had low and high cognitive load, depending on the amount of stimuli presented. Higher levels of anxiety on the DASS-21 were associated with better task performance in blocks where working memory was less overloaded. In the high cognitive load condition, anxiety did not influence reinforcement learning. It is suggested that situations of low cognitive load may be favorable to the performance of individuals with subclinical symptoms of anxiety, while high cognitive load is not favorable to the performance of individuals in general.