Ventilação mecânica invasiva prolongada e a associação com os desfechos de deglutição/alimentação em pediatria

Abstract

Objetivo: Verificar os desfechos de deglutição/alimentação de pacientes pediátricos submetidos à ventilação mecânica invasiva por tempo prolongado na alta hospitalar. Métodos: Estudo retrospectivo, aprovado sob número 3.824.532, por meio da análise de prontuários de pacientes admitidos em UTI Pediátrica e acompanhados até a alta hospitalar, no período de 03/2017 a 12/2018. Foram incluídos pacientes submetidos à VMI por tempo superior a 48 horas e excluídos aqueles com registros incompletos. Resultados: Dos 51 pacientes da amostra, 64,7% eram do sexo masculino. A mediana de idade foi de 6,7 meses. Em 74,5% dos pacientes foi realizada intubação orotraqueal (IOT) e em 25,5% traqueostomia (TQT). Pacientes traqueostomizados apresentaram maior chance de alta com diagnóstico de disfagia orofaríngea (DOF) moderada/grave, recusa alimentar e dependência de via alternativa em comparação a pacientes sem TQT (p=0,001). Pacientes não traqueostomizados tiveram diagnóstico final melhor quando comparado ao inicial (p<0,001), para pacientes traqueostomizados não houve diferença estatística. Pacientes submetidos a VMI por uma mediana de 7 dias apresentaram DOF leve e quando submetidos a mais de 14 dias apresentaram DOF moderada/grave e recusa alimentar, com contraindicação de alimentação por via oral na alta hospitalar. Conclusão: O tempo de IOT e a presença de TQT são fatores fortemente associados ao diagnóstico fonoaudiológico de disfagia orofaríngea de graus moderado a grave e grave, a presença de sinais sugestivos de recusa alimentar e a necessidade de via alternativa persistentes até a alta hospitalar, sendo achados fonoaudiológicos frequentes entre os desfechos de deglutição/alimentação.