O trabalho doméstico e a instauração do trabalho remoto na pandemia do covid-19: uma perspectivada economia feminista

Abstract

Durante a pandemia do COVID-19, foi implementado de forma generalizada o trabalho remoto, que garantiu que as pessoas tivessem segurança em relação ao vírus devido ao distanciamento social. Porém, a realidade da dupla jornada de trabalho e o trabalho invisível não remunerado realizado pelas mulheres foi intensificado com a volta delas para o ambiente privado/familiar. Oobjetivo desse trabalho éinvestigar os efeitos socioeconômicos da instauração do modelo remoto durante a pandemia do COVID-19 entre os gêneros. Para chegar a esses resultadosfoi realizada uma pesquisade campo, utilizando um questionário para a coleta de dados aplicado com colaboradores de uma empresaPorto Alegre.Assim, foi percebidoque as mulheres exerceram durante a pandemia em média seishoras semanais a mais emtarefas domésticas, quatorzehoras a mais em atividades de cuidados e seishoras a mais cumprindo horas extras na empresa que trabalham do que os homens.Por fim, conclui-seque no período pandêmic o houve uma precarização da situação da mulher, em queelas garantiram a reprodução da vida para os membros da família e da sociedade. Ainda superaram suas responsabilidades com a empresa que trabalham, exercendomaior quantidade de horas extras, se sentiram sobrecarregadas mental e fisicamente.

During the COVID-19 pandemic, remote work was widely implemented toensured people’s safetyregardingthe virus through social distancing. However, the reality of the double workload and unpaid invisible laborperformed by women was intensified as theyreturnedto the private/family environment. The objective of this work is to investigate the socioeconomic effects of the implementation of remote workduring the COVID-19 pandemic between genders. To achievethese results, a field survey was conductedusing a questionnaire for data collection applied to employees of a company in Porto Alegre. It was found that women on average spent six morehoursper week on domestic tasks, fourteen more hours on caregivingactivities,and six more hours working overtimefortheircompany than menduring the pandemic. Finally, it is concluded that during the pandemic period there was a precariousness of women’ssituation, in which they ensuredthe reproduction of life for family members and society. They also surpassed their responsibilities tothe company they work for, working more overtime, feeling mentally and physically overwhelmed.