A importância do ensino de filosofia na educação básica para a sociedade brasileira contemporânea

Abstract

Tendo em vista a perda de espaço que a filosofia vem sofrendo na realidade da educação básica brasileira, este trabalho tem por objetivo realizar uma defesa da importância da manutenção dessa disciplina nas escolas e concomitantemente analisar o estágio realizado na rede pública de ensino em Porto Alegre/RS. Partindo da noção de que o conteúdo e a metodologia de ensino devem ser concebidos a partir de uma ideia sólida do tipo de educando que se quer formar, foram analisadas as visões de diferentes autores sobre o tema, dentre eles: Paulo Freire, John Dewey, Martha Nussbaum e Matthew Lipman, que por diferentes caminhos, concordam que as escolas não devem formar apenas para o mundo do trabalho, mas para a autonomia do sujeito que deve participar de forma ativa em uma sociedade plural e democrática. A participação ativa do sujeito na sociedade passa por uma educação ativa na escola que deve priorizar os conteúdos procedimentais e atitudinais em detrimento dos puramente conceituais, conforme Antoni Zabala. Os conteúdos procedimentais e atitudinais são perfeitamente compatíveis com uma boa aula de filosofia onde se desenvolvem as habilidades do pensamento e se busca pensar de forma clara, crítica e indagadora nas diferentes circunstâncias da vida cotidiana. Essa noção de educação progressista vem sendo combatida na atualidade e buscou-se, no presente trabalho, identificar e analisar as mais importantes tendências contrárias à busca da autonomia dos estudantes. O contato com a realidade das escolas públicas observado na análise do estágio dá uma boa ideia dos desafios que o professor de filosofia tem de enfrentar na atual conjuntura de nossa sociedade e que além da desvalorização e ataques que a disciplina sofre, as dificuldades econômicas e sociais pesam cada vez mais sobre a qualidade do aprendizado dos nossos estudantes. A parte todas essas dificuldades, a filosofia continua sendo uma importante fonte de competências cognitivas e valorativas, fundamentais para a construção da autonomia do sujeito e de uma sociedade que se queira mais justa e democrática.