Antidiabéticos da relação nacional de medicamentos essenciais e suas interações com outros medicamentos ou produtos naturais com folder explicativo

Abstract

Doenças crônicas não transmissíveis apresentam aumento crescente de prevalência no Brasil e no mundo, principalmente na população idosa. Entre elas, destaca-se o Diabetes mellitus (DM), uma doença caracterizada pela hiperglicemia crônica com alto potencial de causar danos microvasculares e macrovasculares. O DM Tipo 2, que é abordado no presente trabalho, caracteriza-se pela resistência à insulina nos receptores celulares, comumente envolve outras comorbidades. Em 2021, em torno de 3% da população mundial foi afetada pelo DM2. Considerando a alta prevalência dessa doença e a frequência de pacientes diabéticos em polifarmácia, o objetivo deste trabalho foi descrever sobre as interações entre antidiabéticos presentes na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e outros medicamentos ou produtos naturais como suplementos nutricionais e fitoterápicos e, por fim, produzir um folder informativo para pacientes diabéticos. As interações encontradas com o antidiabético de primeira escolha, metformina, foram com anti-hipertensivos diuréticos e betabloqueadores, anticonvulsivantes, agentes de contraste, antibióticos, imunossupressores, sulfonamidas, inibidores da anidrase carbônica como a metazolamida e etanol. A classe de antidiabéticos de segunda escolha, as sulfonilureias, apresentaram interações com anti-hipertensivos diuréticos, betabloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina, hipolipemiantes, antidepressivos, antifúngicos, etanol e rosiglitazona. A terapia com insulina mostrou interações com antibióticos da classe das fluoroquinolonas, salicilatos, tiazolidinedionas e etanol. As interações com suplementos nutricionais e terapias fitoterápicas também podem ocorrer, de forma benéfica ao tratamento ou de forma prejudicial, porém seu uso deve ser realizado a partir de acompanhamento detalhado do quadro clínico, visto que os efeitos a longo prazo da suplementação ainda não são conhecidos. Com base nesse conhecimento foi elaborado um folder explicativo, destinado aos indivíduos com DM2. Concluímos que tais interações devem ser consideradas pelo prescritor e monitoradas pelo profissional farmacêutico. Também é importante que os indivíduos com DM2 conheçam a doença e sejam alertados sobre os riscos de interações medicamentosas e com produtos naturais. Essas ações no seu conjunto contribuirão para a prevenção de danos à melhoria da saúde da população.

The prevalence of non-communicable chronic diseases increases in Brazil and worldwide, especially in the elderly population. Among them, Diabetes mellitus (DM) stands out, with chronic hyperglycemia has been the cause of microvascular and macrovascular damage. DM Type 2 (DM2) is characterized by insulin resistance promoting cellular damage and comorbidities. In 2021, around 3% of the planet's population was affected by DM2. Considering the prevalence of this disease and comorbidities and the polypharmacy use (concurrent use of four or more drugs), this review intended to clarify the interactions between antidiabetics from The National List of Essential Medicines (Brazil) with other drugs, dietary supplements and phytotherapy, as well an informative folder regards drug interactions risk for diabetic patients. The interactions with metformin (first choice) were found with antihypertensives as diuretic and beta-blockers, anticonvulsants, contrast agents, antibiotics, immunosuppressants, carbonic anhydrase inhibitors and ethanol. Sulfonylureas, which are the second choice to DM2 treatment, interact with diuretic and beta-blockers, angiotensin-converting inhibitors, lipid-lowering drugs, antidepressants, antihypertensives, ethanol and thiazolidinediones. Insulin therapy showed interactions with antibiotics, salicylates, thiazolidinediones and ethanol. Interactions with dietary supplements and herbal therapy can be beneficial for glycemic control, but also can be harmful. Therefore the combined therapy must be followed by a clinical team. In addition, the long-term effects of dietary supplements are still unknown. Based on this knowledge, an informative folder was prepared, for individuals with DM2 to advice regards polypharmacy risks. We conclude that such interactions must be considered by the prescriber and monitored by the pharmacist. It is also important that individuals with DM2 are aware of the disease and alerted about the risks of drug-drug interactions and natural products. These actions will contribute to the damage prevention and improvement of the population's health.