Caracterização e distribuição das lesões parasitárias causadas por Sarcocystis spp. em uma linha de abate de ovinos

Abstract

A inspeção sanitária em matadouro frigorífico é comumente definida como o controle sanitário dos animais para o abate e da carne. Dentre as doenças parasitárias que afetam os ovinos e são encontradas na rotina dos matadouros frigoríficos está a sarcocistose, causada por protozoários do gênero Sarcocystis. Este estudo teve como objetivo caracterizar macroscopicamente e microscopicamente os cistos de Sarcocystis spp. observados na linha de abate e verificar a distribuição destes cistos em diferentes partes da carcaça. Fragmentos de tecido foram coletados durante uma visita ao matadouro frigorífico em um município no Rio Grande do Sul, Brasil. Do total, nove dos 150 ovinos abatidos apresentaram cistos macroscópicos que se caracterizavam por estruturas nodulares brancas, redonda a ovais e que variavam de 0,3 cm a 1 cm de diâmetro. Os cistos macroscópicos foram caracterizados por estruturas nodulares salientes, únicas ou múltiplas, no esôfago, língua e diafragma. Os cistos microscópicos apresentavam aspectos histológicos semelhantes aos cistos macroscópicos; eram bem delimitados e localizados em meio a camada muscular dos órgãos afetados. As estruturas císticas eram delineadas por uma cápsula basofílica irregular e fibrosa. Observaram-se septos ramificados na parte interna da cápsula e que sustentavam inúmeros bradizoítos. Os cistos microscópicos foram comumente observados no coração, língua, diafragma, masseter, músculo tríceps braquial, músculo gluteobíceps e esôfago. Tanto os cistos macroscópicos como microscópicos foram compatíveis morfologicamente com S. gigantea. No presente estudo, a taxa de infecção total de ovinos com S. gigantea representou 6% em relação aos 150 ovinos abatidos. Dos nove ovinos abatidos, as estruturas anatômicas com maior prevalência de cistos macroscópicos foi o esôfago (77,7%) e na histologia a maior prevalência foi registrada no coração e na língua (100%). O trabalho relata infecção mista contendo cistos macro e microscópicos de S. gigantea e a alta prevalência de cistos microscópicos em relação aos cistos macroscópicos.

Sanitary inspection in slaughterhouses is commonly defined as the sanitary control of animals for slaughter and meat. Among the parasitic diseases that affect sheep and are found in the routine of slaughterhouses is sarcocystosis, caused by protozoa of the genus Sarcocystis. This study aimed to characterize macroscopically and microscopically the cysts of Sarcocystis spp. observed in the slaughter line and check the distribution of these cysts in different parts of the carcass. Tissue fragments were collected during a visit to the slaughterhouse in a municipality in Rio Grande do Sul, Brazil. Of the total, nine of the 150 slaughtered sheep had macroscopic cysts that were characterized by white nodular structures, round to oval and that varied from 0.3 cm to 1 cm in diameter. Macroscopic cysts were morphologically compatible with S. gigantea and were characterized by protruding nodular structures, single or multiple, in the esophagus, tongue and diaphragm. Microscopic cysts had histological features similar to macroscopic cysts; they were well delimited and located in the middle of the muscular layer of affected organs. The cystic structures were delimited by an irregular and fibrous basophilic capsule. Branched septa were observed on the inner part of the capsule and which supported numerous bradyzoites. Microscopic cysts were commonly observed in the heart, tongue, diaphragm, masseter, triceps brachii muscle, gluteobiceps muscle and esophagus. In this study, the total infection rate of sheep with S. gigantea represented 6% in relation to the 150 sheep slaughtered. Of the nine sheep slaughtered, the anatomical structures with the highest prevalence of macroscopic cysts were the esophagus (77.7%) and in histology the highest prevalence was recorded in the heart and tongue (100%). The paper reports mixed infection containing macro and microscopic cysts of S. gigantea, and the high prevalence of microscopic cysts in relation to macroscopic cysts.