Plantas medicinais e a conservação dos conhecimentos : um estudo nas hortas de Sede Nova/Rio Grande do Sul

Abstract

A utilização de plantas para fins medicinais existe desde o início da história do homem, em que se buscava na natureza maneiras para tratar acometimentos humanos. No entanto, com as novas tecnologias e o aumento do uso de fármacos industrializados, a utilização de plantas medicinais, mesmo que no contexto rural, tem caído em desuso. O presente trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar como se dá a passagem de conhecimentos acerca das plantas medicinais nas comunidades agrícolas rurais no município de Sede Nova, no Rio Grande do Sul. É visto que a tradição da utilização de plantas para fins medicinais ainda existe, especialmente quando o conhecimento é passado entre membros da família e círculo de convívio social comunitário, ou quando há dificuldades financeiras enfrentadas pela família, no sentido de obter medicamentos nas farmácias. No entanto, observa-se que tal uso está cada vez mais restrito, uma vez que há o êxodo das mulheres mais jovens e o consequente envelhecimento dessas detentoras de conhecimentos sobre plantas medicinais. Ressalta-se, ainda, a necessidade do resgate a esses saberes sobre o cultivo, o preparo e consumo dessas plantas para a conservação do meio ambiente e de uma tradição, que no contexto estudado, se mostra majoritariamente feminina.

The use of plants for medicinal purposes has existed since the beginning of the history of mankind, when we searched in nature for ways to treat human ailments. However, with new technologies and a greater use of industrialized drugs, medicinal plants have fallen into disuse even in rural contexts. Through field research, this paper aimed at studying how knowledge on medicinal plants passes along in rural farming communities in Sede Nova, Rio Grande do Sul, Brazil. There is still a tradition of using plants medicinally, especially when the knowledge is passed down among members of the family and communal social circle or when the family has financial difficulties and cannot obtain medications from pharmacies. However, this usage is being increasingly limited by the exodus of younger women and the consequential aging of the knowledge holders on the subject of medicinal plants. There is also emphasis on the need to rescue the knowledge on cultivation, preparation, and consumption of such plants in order to preserve the environment and the tradition, which, in the studied context, has shown itself to be mostly female.