Doenças reumáticas pediátricas e a educação física escolar : uma revisão narrativa

Abstract

Introdução: As doenças reumáticas pediátricas (DRP), principalmente a artrite idiopática juvenil (AIJ) e o lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ), são doenças autoimunes, inflamatórias e crônicas. Ambas apresentam manifestações sistêmicas (como dor,fadiga e perda de peso) que podem levar ao ciclo vicioso de agravamento dos sintomas, inatividade física, incapacidade física, estilo de vida sedentário, diminuição da qualidade de vida e má prognóstico. A atividade física como tratamento não-farmacológico, no ambiente escolar, pode estabilizar este ciclo vicioso. Objetivo: Descrever, a partir de uma revisão narrativa, as alterações na aptidão física de pacientes com AIJ e LESJ e apresentar a importância da atividade física no ambiente escolar para esta população. Métodos: A presente pesquisa narrativa baseou-se ensaios clínicos randomizados- não randomizados, artigos de revisão sistemática, artigos de revisão narrativa e estudos observacionais, publicados nos últimos 10 anos, usando MEDLINE (via PubMed) e outras fontes relevantes. As estratégias de pesquisa foram baseadas em palavras-chave pré-definidas. Resultados: Pacientes com DRP apresentam níveis de atividade física mais baixos quando comparado com indivíduos saudáveis. Além disto, baixa aptidão física foi encontrada em pacientes com DRP quando comparada com crianças saudáveis. Por fim, apenas dois estudos foram encontrados com o objetivo de estimar a participação em esportes escolares entre pacientes com doenças reumáticas pediátricas e não observou-se nenhuma programa/intervenção específico para esta população no ambiente escolar. Conclusão: A partir da presente revisão narrativa pode-se concluir que pacientes com DRP apresentam manifestações extra-articulares que levam a incapacidade física. O ciclo vicioso de agravamento dos sintomas, inatividade física e incapacidade física resultam em piora da aptidão física destes pacientes. A diminuição da participação de pacientes com DRP na educação física está associada a atividade da doença, limitações funcionais e qualquer uso de DMARDs, injeções intra-articulares de glicocorticóides ou fisioterapia. Sabendo que os benefícios da atividade física compensam os efeitos da inatividade física e que não se tem na literatura programa/intervenção específico para esta população no ambiente escolar, estudos com programa/intervenção de atividade física no ambiente escolar para crianças com DRP são necessários a fim de avaliar os efeitos benéficos sobre a aptidão física. Portanto, nós propusemos um programa/intervenção específico para esta população no ambiente escolar baseado em outros programas/intervenção descritos na literatura com outras populações.

Introduction: Pediatric rheumatic diseases (PRD), especially juvenile idiopathic arthritis (JIA) and juvenile systemic lupus erythematosus (JSLE), are autoimmune, inflammatory and chronic diseases. Both have systemic manifestations (such as pain, fatigue and weight loss) that can lead to a vicious cycle of worsening symptoms, physical inactivity, physical disability, sedentary lifestyle, decreased quality of life and poor prognosis. Physical activity as a non-pharmacological treatment in the school environment can stabilize this vicious cycle. Objective: To describe, from a narrative review, the changes in physical fitness of patients with JIA and JSLE and to present the importance of physical activity in the school environment for this population. Methods: This narrative research was based on randomized non-randomized controlled trials, systematic review articles, narrative review articles, and observational studies published over the past 10 years using MEDLINE (via PubMed) and other relevant sources. Search strategies were based on predefined keywords. Results: Patients with PRD have lower levels of physical activity when compared to healthy individuals. In addition, poor physical fitness was found in patients with PRD compared with healthy children. Finally, only two studies were found to estimate participation in school sports among patients with pediatric rheumatic diseases and no specific program/intervention was observed for this population in the school setting. Conclusion: Based on the present narrative review, we concluded that patients with PRD have extra-articular manifestations that lead to physical disability. The vicious cycle of worsening symptoms, physical inactivity and physical disability result in worsening physical fitness of these patients. Decreased participation of patients with PRD in physical education is associated with disease activity, functional limitations and any use of DMARDs, intra-articular glucocorticoid injections, or physical therapy. Knowing that the benefits of physical activity outweigh the effects of physical inactivity and that there is no specific program/intervention literature for this population in the school environment, studies with the program/intervention of physical activity in the school environment for children with PRD are necessary in order to evaluate the beneficial effects on physical fitness. Therefore, we proposed a specific program/intervention for this population in the school environment based on other programs/intervention described in the literature with other populations.