Avaliação do impacto de diferentes estratégias nutricionais sobre a recuperação do escore corporal e parâmetros reprodutivos de matrizes avós suínas

Abstract

A lactação é um período desafiador para a matriz suína, devido a exigência energética para a sua mantença, produção de leite e, em fêmeas jovens, também para o seu adequado desenvolvimento. Por outro lado, os genótipos modernos apresentam poucas reservas energéticas e baixo consumo alimentar voluntário, agravando as perdas de reservas corporais na fase lactacional. Dessa forma, estratégias de recuperação do ECC se fazem necessárias para garantir a longevidade da matriz no plantel e assegurar índices reprodutivos satisfatórios nos partos subsequentes. O presente estudo avaliou os efeitos do fornecimento de duas quantidades de ração (2,5 e 3,5 kg/d) sobre a recuperação do ECC e o desempenho reprodutivo de 285 fêmeas avós Landrace Large White, de ordem de parto (OP) 1 a 5. O fornecimento da quantidade estabelecida pelo tratamento foi realizado a partir da última cobertura até que a matriz recuperasse a condição corporal. O critério de seleção foi o escore de Caliper ≤11 ao desmame. Após a última inseminação (D0), as fêmeas foram aleatorizadas e distribuídas entre os tratamentos. As avaliações corporais foram realizadas a cada 14 dias, fazendo com que a fêmea permanecesse em tratamento pelo período entre avaliações até que atingisse o escore de Caliper ≥13. Em seguida, as fêmeas retornavam a curva alimentar padrão da granja de 1,8 kg/d. As fêmeas que receberam maior nível alimentar apresentaram maior percentual de recuperação no D14, D28 e D42 (P<0,03), e foram recuperadas 4,9 dias mais rápido em relação as que receberam menor nível alimentar. Ao final da gestação (D112), o percentual de fêmeas recuperadas não diferiu entre os tratamentos (P=0,33). Ao contabilizar a quantidade de ração consumida durante todo o estudo, o grupo que recebeu 3,5 kg/d consumiu 25,7 kg a mais que o grupo que recebeu 2,5 kg/d (P < 0,01). Não foi observado efeito do tratamento (P>0,05) para taxa de parto, nascidos totais e vivos, peso dos leitões ao nascimento e da leitegada e coeficiente de variação para o peso dos leitões. No entanto, fêmeas que receberam 3,5 kg/d apresentaram maior percentual de leitões com peso inferior ou igual a 1,000g (P=0,03) e tenderam a apresentar maior percentual de natimortos (P= 0,08) em relação ao grupo que recebeu 2,5 kg/d. Em conclusão, o fornecimento de 3,5 kg/d é a estratégia mais rápida para a recuperação do ECC. Todavia, parece apresentar desvantagens quanto ao custo alimentar e possíveis efeitos reprodutivos. Nesse sentido, novos estudos devem ser conduzidos para melhor elucidar os efeitos do manejo alimentar no início da gestação para a recuperação da condição corporal de matrizes suínas.

Lactation is challenging for the sows due to high energy demands for body maintenance, milk production and body growth. Sows from modern genetic lines have low body reserves and less voluntary consumption of feed often associated with body reserve mobilization during lactation. Thus, strategies for recovering the body condition are required to ensure the sow's longevity in the breeding herd and avoid reproduction losses. The aim of this study was to evaluate the effect of two feeding levels (2.5 and 3.5 kg/d) on the body condition score (BCS) recovery and reproductive performance of 285 Landrace grandparent sows, from parity 1 to 5. The selection criteria was a Caliper score ≤11 at weaning. After the last artificial insemination (D0), the sows were randomly distributed among the treatments. The treatments were applied and BCS evaluations were performed every 14 days. The sows received the feeding amount according to their treatment between the evaluations until they reach a Caliper score ≥13. Then, the feed curve was adjusted to 1.8 kg/d according to the farm proceedings. Sows receiving greater amount of feed showed a higher recovery rate on D14, D28 and D42 (P<0.03), and were recovered 4.9 days faster than the sows fed with less amount of feed. At the end of pregnancy (D112), the percentage of BCS recovering did not differ between treatments (P=0.33). When considering the total consumption throughout the study, sows that received 3.5 kg/d consumed 25.7 kg more feed than the group that received 2.5 kg/d (P < 0.01). Farrowing rate, total piglets born and born alive, birth and litter weight, and coefficient of variation for piglet weight were not different among treatments (P>0.05). However, sows fed with 3.5 kg/d had a higher percentage of piglets weighing 1.000g or less (P=0.03) and tended to have a higher percentage of stillbirths (P=0.08) compared to the group that received 2.5 kg/d. In conclusion, providing 3.5 kg/d is the fastest strategy for BCS recovery. However, it is needed to evaluate the best strategy considering the total consumption and reproductive effects. Further studies are necessary to better elucidate the effect of dietary management in early pregnancy in sows and body condition recovery.