Repercussões do transtorno por uso de substâncias psicoativas na dinâmica familiar

Abstract

Introdução: O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas foi instituído em 2006 buscando a reinserção social do usuário de drogas. Para tal reinserção ser efetiva, incluir a família no tratamento de indivíduos com transtornos mentais é fundamental, sobretudo nas situações dos Transtornos do uso de substâncias (TUS). Busco explorar e descrever as possíveis alterações em laços familiares, reestruturação de papéis durante a trajetória das famílias com o familiar-usuário em tratamento, tanto durante internação quanto em atendimento ambulatorial especializado. A pergunta norteadora deste estudo é: Quais as repercussões nas relações e papéis familiares na convivência com o familiar usuário de substâncias psicoativas? Objetivo: Conhecer as repercussões do Transtorno do Uso de Substâncias nas relações e papéis familiares de indivíduos atendidos em serviços de saúde especializados em adição. Método: Estudo descritivo, de natureza qualitativa, a partir de entrevistas semiestruturadas, seguindo um roteiro com perguntas abertas. Trata-se de um subprojeto da pesquisa intitulada “Familiares de usuários de drogas: um olhar compreensivo de suas vivências e trajetórias assistenciais”. O campo de estudo se constitui no serviço ambulatorial e na internação em Adição, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foram entrevistados 15 familiares, no período de março de 2018 a abril de 2019, escolhidos de modo intencional pela equipe assistencial. As transcrições dos dados coletados foram analisadas pelo método de análise de conteúdo temática segundo Bardin. Resultados: Dos participantes, maioria mulheres e mães do usuário. Emergiram três categorias: Impacto financeiro; Impacto nas relações familiares; impacto na convivência social. Conclusão: As repercussões pelo TUS são evidenciadas em diversas esferas da dinâmica familiar, como financeira, em vínculos existentes, nos papéis exercidos e em como se organizam, isolando o grupo intrafamiliar e sendo ansiogênico pra os membros da família.

Introduction: The National Public Policy System on Drugs was instituted in 2006 seeking the social reintegration of drug users. For such reintegration to be effective, including the family in the treatment of individuals with mental disorders is essential, especially in situations of Substance Use Disorders (SUD). I seek to explore and describe the possible changes in family ties, restructuring of roles during the trajectory of families with the relative-user undergoing treatment, both during hospitalization and in specialized outpatient care. The guiding question of this study is: What are the repercussions on family relationships and roles in living with the familiar user of psychoactive substances? Objective: To know the repercussions of Substance Use Disorder on family relationships and roles of individuals seen in specialized health services in addiction. Method: Descriptive, qualitative study, based on semi-structured interviews, following a script with open questions. It is a subproject of the research entitled "Family members of drug users: a comprehensive look at their care experiences and trajectories". The field of study is the outpatient service and admission in Addition, at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Fifteen family members were interviewed, from March 2018 to April 2019, intentionally chosen by the assistance team. The transcripts of the collected data were analyzed using the method of thematic content analysis according to Bardin. Results: Of the participants, the majority were women and mothers of the user. Three categories emerged: Financial impact; Impact on family relationships; impact on social coexistence. Conclusion: The repercussions for SUD are evidenced in several spheres of the family dynamics, such as financial, in existing bonds, in the roles exercised, and in how they organize themselves, isolating the intrafamily group and being anxiogenic for the family members.