Níveis de aptidão física de bailarinos amadores do “Conjunto de Folclore Internacional Os Gaúchos” : um estudo de caso

Abstract

Introdução: Pouco se sabe sobre as relações dos níveis de condicionamento físico de bailarinos de dança folclórica como um fator influenciador da performance e de prevenção de lesão. Acredita-se que o desenvolvimento desta área de conhecimento na academia possa auxiliar profissionais que trabalham com dança folclórica a elaborar melhor os treinos e ensaios de seus grupos, conduzindo os bailarinos a níveis saudáveis de prática. O objetivo desse estudo foi analisar os níveis de aptidão física de bailarinos amadores do “Conjunto de Folclore Internacional (CFI) Os Gaúchos”, através da comparação de dados de resistência muscular localizada (RML) e flexibilidade antes e depois de uma proposta de treinamento complementar de 12 semanas. Também foram analisados dados de autopercepção de melhora. Metodologia: Essa pesquisa se caracteriza por ser um estudo de caso, do tipo semi-experimental, com análise quantitativa. Participaram do estudo 9 bailarinos amadores de dança folclórica do “CFI Os Gaúchos”, média de 16±6 anos de prática, ambos os sexos, idade média 31±4. Os critérios de inclusão da amostra foram: ter experiência com dança folclórica e integrar o elenco de bailarinos do “CFI Os Gaúchos” há pelo menos 2 anos ininterruptos; aceitar participar da pesquisa; dar continuidade a sua rotina atual de exercício físico, não acrescentando ou interrompendo qualquer prática corporal paralela ao projeto. Os critérios de exclusão foram: possuir duas faltas ou mais (≥15% do total de treinos) no período de intervenção. A coleta de dados foi realizada pré-intervenção e após 12 sessões de treinamento complementar (pós-intervenção). Os instrumentos de coleta de dados foram: teste sentar e alcançar, para medição da flexibilidade; teste de resistência abdominal de 1 minuto, para avaliar a resistência muscular localizada (RML); medição da Frequência Cardíaca (FC) e da percepção subjetiva de esforço através da escala de Borg, para avaliar resistência cardiorrespiratória; questionário sobre dados pessoais, rotina de exercício físico, prática de dança, e autopercepção de RML e flexibilidade. Foi realizada estatística descritiva, para a descrição dos resultados obtidos, e utilizado o Teste T pareado, para verificar diferença significativa, antes e depois do período de 12 semanas de treinamento (p<0,05). Resultados: os participantes apresentaram melhora nos dados de flexibilidade (10 a 25% de melhora), assim como nos dados de RML (8 a 24% de melhora). Os participantes autoperceberam tanto a flexibilidade quanto a RML entre ruim, péssima e boa (pré-intervenção) e, após a intervenção, perceberem entre ruim, boa e muito boa. A média dos dados de FC de todos os praticantes em todos as sessões indicou que treinaram na zona de treinamento cardiorrespiratório. Em relação à percepção subjetiva de esforço obtida através da Escala de Borg, o valor médio dos resultados em todas as sessões de treinamento foi intenso (valor 15). Conclusão: Os resultados do estudo indicam que houve diferença estatística significativa na flexibilidade e na RML, após 12 sessões de treinamento, ocorrendo melhora no condicionamento cardiorrespiratório. Além disso, os bailarinos que participaram do estudo relataram a melhora na sua flexibilidade e RML, após 12 semanas de treinamento. Destaca-se o caráter inédito dessa pesquisa, assim como sua relevância para o contexto da dança folclórica gaúcha. Esse estudo é relevante para a área da dança dentro da Universidade, por viabilizar a interface da área da dança com a saúde, abordando o contexto de bailarinos amadores de dança folclórica. Fora da comunidade acadêmica, pode possibilitar reflexões sobre novos temas e caminhos a serem seguidos por professores, ensaiadores e coreógrafos de dança folclórica.