O papel do ambiente institucional na produção de etanol : da geopolítica ao Rio Grande do Sul

Abstract

Centrais tendências em discussões atuais, a soberania energética e as alterações climáticas estimulam o desenvolvimento científico e o uso de energias renováveis. Da perspectiva econômica, as energias renováveis ainda competem, via custos, de modo direto com a produção energética convencional em corrente uso. O Brasil possui recursos naturais em abundância e promove o emprego de energias limpas em sua matriz energética, uma delas é o biocombustível líquido. Contudo, ao observar a produção de um destes combustíveis – o etanol – constata-se que a produção é desigual ao confrontar os estados da federação. O Rio Grande do Sul enquadra-se entre os estados que possuem produção incipiente frente à sua demanda. Condições edafoclimáticas e tecnológicas servem como premissas para explicar a baixa produção do etanol gaúcho. Todavia, o presente estudo parte da hipótese de que existem forças institucionais que atuam neste setor. O exame desta dimensão, até então inexplorada no contexto proposto, proporcionou um novo entendimento sobre as relações produtivas do etanol combustível. Não apenas em âmbito local, mas influências nacionais e internacionais foram investigadas. Enfatizando o contexto histórico e a Economia Política, verificaram-se os impactos das dinâmicas dos ambientes institucionais na conformação da cadeia produtiva do etanol gaúcho. Assim, procederam-se estudos nos níveis internacional, nacional e estadual para entender as forças que atuam na citada cadeia produtiva. Distribuídos em artigos científicos, cada nível geográfico possui uma estrutura formal de análise. Desta maneira, as técnicas de abordagem qualitativa aplicadas a cada esfera foram as análises de conteúdo e histórica. Os resultados mostraram que, para além da relação de troca, a produção de etanol envolve diferentes percepções sobre soberania e segurança energética, equilíbrio na distribuição de energia e sustentabilidade ambiental. Para o Rio Grande do Sul, a usina de etanol apresentou-se como núcleo organizador da sociedade no município de Porto Xavier. Assim, as instituições da produção de energia exercem influência socioeconômica desde a formação infraestrutural até a composição das forças superestruturais.

Central trends in current discussions, energy sovereignty and climate change stimulate scientific development and the use of renewable energies. From an economic perspective, renewable energies still compete, via costs, directly with conventional energy production in current use. Brazil has abundant natural resources and promotes the use of clean energy in its energy matrix, one of which is liquid biofuel. However, when observing the production of one of these fuels - ethanol - it appears that the production is uneven when confronting the states of the federation. Rio Grande do Sul is one of the states that have incipient production in view of their demand. Edaphoclimatic and technological conditions serve as premises to explain the low production of gaucho ethanol. However, the present study starts from the hypothesis that there are institutional forces that operate in this sector. The examination of this dimension, hitherto unexplored in the proposed context, provided a new understanding of the productive relations of ethanol fuel. Not only at the local level, but national and international influences were investigated. Emphasizing the historical context and the Political Economy, the impacts of the dynamics of institutional environments on the conformation of the production chain of Rio Grande do Sul ethanol were verified. Thus, studies were carried out at the international, national and state levels to understand the forces that operate in the aforementioned production chain. Distributed in scientific articles, each geographic level has a formal analysis structure. In this way, the qualitative approach techniques applied to each sphere were content and historical analysis. The results showed that, in addition to the exchange ratio, ethanol production involves different perceptions about sovereignty and energy security, balance in energy distribution and environmental sustainability. For Rio Grande do Sul, the ethanol plant presented itself as the organizing nucleus of society in the municipality of Porto Xavier. Thus, the institutions of energy production exert socioeconomic influence from the infrastructural formation to the composition of the superstructural forces.