Terapia antimicrobiana para sepse e pneumonia em obesos : alterações farmacocinéticas e suas implicações

Abstract

Com o crescente aumento da população obesa mundial, a obesidade também se tornou mais prevalente no universo de pacientes hospitalizados. Inúmeros estudos na literatura apontam para a importância da obesidade sobre o risco de contrair diversas comorbidades e doenças, bem como evidências clínicas sugerem que pacientes obesos estão em maior risco de desenvolver infecções do que pacientes não obesos. Um grande desafio do manejo de pacientes obesos que apresentam infecções é a terapia antimicrobiana. Diversos parâmetros farmacocinéticos, tais como volume de distribuição, ligações às proteínas e clearance de antimicrobianos podem estar alterados na presença da obesidade, podendo levar à diminuição ou aumento da exposição tecidual aos fármacos. No entanto, é difícil prever quais parâmetros farmacocinéticos serão afetados e até que ponto as doses devem ser modificadas. Isso é particularmente importante em pacientes que apresentam quadros críticos, como pneumonia e sepse, onde as alterações fisiológicas são mais evidentes. O objetivo deste trabalho foi revisar e reunir informações descritas na literatura sobre alterações farmacocinéticas das principais classes de antimicrobianos utilizadas no tratamento de pneumonia e sepse em pacientes obesos. De modo geral, um conjunto de características físico-químicas do fármaco e fisiológicas do indivíduo obeso são determinantes para o perfil farmacocinético dos fármacos. A análise dos trabalhos revisados indica que é improvável que alterações farmacocinéticas de um antimicrobiano possam ser utilizadas para fazer generalizações sobre a farmacocinética de cada classe, apontando para a necessidade de se estudar cada fármaco individualmente.