The pandemic of distopia : what form of government is arising ?

Abstract

The present article draws attention to what paradigm of government is being produced due to the policies and discourses being employed to deal with the COVID-19 pandemic. Three key concepts are discussed: iatrogenesis, enunciated by Ivan Illich, risk management society, delineated by Silja Samerski, and biosecurity, proposed by Giorgio Agamben. There is a process of modern transformation of collective life that is accelerated by the current context. As argued, bodies are increasingly treated as economic resources, reducing people to bare life or zoè. It is suggested, as an optional way of dealing with the pandemic, that, instead of urging to return to normality, one could use the opportunity to rethink the social structure. The pandemic could give room to put back into the public sphere discussions of agrarian reform, food and health sovereignty, and industrialization's deleterious consequences.

O presente artigo chama atenção para qual paradigma de governo está se produzindo como resultado de políticas e discursos empregados para lidar com a pandemia de COVID-19. Três conceitos-chave são discutidos: iatrogênese, enunciado por Ivan Illich, sociedade de gestão de riscos, delineado por Silja Samerski, e biossegurança, proposto por Giorgio Agamben. É argumentado que há um processo contínuo de produção da vida coletiva, que já ocorre na modernidade, mas que é aprofundado no contexto atual. Neste contexto, corpos são tratados, cada vez mais, como recursos econômicos, reduzindo pessoas à vida nua, ou zoè. É sugerido, como alternativa, que, ao invés de se clamar pelo retorno à normalidade, se possa aproveitar a oportunidade para repensar a estrutura social. A pandemia poderia oportunizar a rediscussão pública de questões tais como reforma agrária, soberania alimentar e de saúde, e as consequências deletérias da industrialização.

El presente artículo llama la atención sobre qué paradigma de gobierno se está produciendo como resultado de las políticas y los discursos empleados para hacer frente a la pandemia del COVID-19. Se discuten tres conceptos clave: la iatrogénesis, enunciada por Ivan Illich, la sociedad de gestión de riesgos, esbozada por Silja Samerski, y la bioseguridad, propuesta por Giorgio Agamben. Se argumenta que existe un proceso continuo de producción de vida colectiva, que ya se da en la modernidad, pero que se profundiza en el contexto actual. En este contexto, los cuerpos son tratados cada vez más como recursos económicos, reduciendo a las personas a la nuda vida, o zoè. Como alternativa, se sugiere que, en lugar de clamar por la vuelta a la normalidad, se aproveche la oportunidad para repensar la estructura social. La pandemia podría ser una oportunidad para debatir públicamente cuestiones como la reforma agraria, la soberanía alimentaria y sanitaria, y las consecuencias nocivas de la industrialización.