Curso ead promove melhora na capacidade diagnóstica de lesões bucais por estudantes de odontologia

Abstract

Lesões bucais são encontradas com frequência na rotina de atendimento clínico em Odontologia. Sua detecção se baseia no exame físico, procedimento simples e que se fundamenta no acesso visual direto dessa região anatômica. Dessa forma, presume-se que a sua detecção precoce é possível. Contudo, muitas vezes o clínico geral refere dificuldade para detectar, diagnosticar e tratar as doenças que se manifestam na boca. Essa dificuldade tem sido atribuída, pelo menos em parte, a pouca carga horária destinada às aulas teóricas e treinamento prático ao longo do curso de formação. Essa lacuna de conhecimento parece explicar o diagnóstico tardio de lesões, entre elas o câncer bucal, levando a altas taxas de mortalidade. Cursos de educação à distância podem ser uma alternativa para contornar tal problema. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento dos estudantes de graduação em odontologia com relação a lesões da mucosa bucal e o impacto de um curso EAD quanto à capacidade diagnóstica de lesões bucais. A amostra de conveniência foi composta por 27 estudantes do 1° ano e 35 do 5° ano. Previamente ao curso os participantes passaram por uma avaliação baseada em fotos de 30 casos clínicos, sendo esta repetida após a finalização do curso. Para cada caso, os participantes opinavam com relação a: 1) classificação da natureza: (a) lesões benignas (processos inflamatórios/tumores benignos), (b) lesões potencialmente malignas ou (c) lesões malignas; 2) hipótese diagnóstica (palpite diagnóstico) e 3) sua conduta caso recebessem um caso como o apresentado nas fotos em sua rotina clínica. O curso, de caráter autoinstrucional, teve uma carga horária de 30h, distribuídas ao longo de 3 meses, com atividades disponibilizadas semanalmente na plataforma Moodle. O conteúdo compreendeu exames clínico e complementares, e processo diagnóstico para as lesões bucais, separado em módulos conforme o tipo clínico. Foram disponibilizados materiais de leitura, ambiente virtual de aprendizagem com abordagem pelo raciocínio diagnóstico do especialista, vídeo-aulas e avaliações do tipo quiz. Observou-se que as lesões benignas são as mais facilmente diagnosticadas, em oposição às malignas, consideradas as de maior dificuldade diagnóstica. Verificouse um aumento de 17.1% e de 26.7% na capacidade de classificar a natureza das lesões e na hipótese diagnóstica, respectivamente. Com relação às lesões malignas, o aumento do percentual de acertos foi de 5,7%. Concluiu-se que os estudantes apresentam maior dificuldade em diagnosticar lesões malignas e que um curso EAD é uma estratégia de ensino válida para o aprimoramento do conhecimento com relação às lesões bucais, amenizando as dificuldades diagnósticas apresentadas por estudantes.

Oral lesions are frequently found in Dentistry’s clinical routine. Its detection is based on physical exam, a simple procedure based on direct visual access to the anatomical region. Thus, it its assumed that its early detection is possible. However, dentists often refer difficulty in detecting, diagnosing and treating mouth diseases. This difficulty has been attributed, at least in part, to the low number of hours dedicated to theoretical classes and practical training through undergraduate course. This knowledge gap seems to explain the late diagnosis of diseases, including oral cancer, leading to high mortality rates. Distance learning course can be an alternative to overcome this problem. The aim of this study was to evaluate the knowledge of undergraduate dentistry students regarding oral lesions and the impact of a distance learning course on the diagnostic capacity of oral lesions. The convenience sample was composed by 27 1st year students and 35 5th year students. Before the course the participants were assessed by a photo-based exam of 30 clinical cases, repeating this evaluation after the course. For each case the participants expressed their opinion about: 1) nature classification: (a) benign lesions (inflammatory processes/ benign tumors), (b) potentially malignant lesions or (c) malignant lesions; 2) diagnostic hypothesis (diagnosis hunch) and 3) their conduct if they received a case such as the one shown in the pictures in their daily routine. The course, of a self-instructional nature, had a workout of 30 hours, distributed over 3 months, with activities available weekly on the Moodle platform. The content included clinical and complementary exam, and diagnostic process for oral lesions, which were separated into modules according to their clinical type. Were made available reading materials, virtual learning environment approached by the specialist’s diagnostic reasoning, video lessons and quiz-type assessments. It was observed that benign lesions are the most easily diagnosed, as opposed to malignants, considered the most difficult to diagnose. There was an increase of 17.1% and 26.7% in the ability to classify the lesions’ nature and the diagnostic hypothesis, respectively. Regarding malignant lesions, the increase in the percentage of correct answers was 5,7%. It was concluded that students have most difficulty in diagnosing malignant lesions and that a distance course is an useful strategy for improving knowledge about oral lesions, softening the diagnostic difficulties presented by students.