Capitão América - Soldado Invernal : a construção de consenso das práticas antiterroristas da política externa dos Estados Unidos

Abstract

Este trabalho analisa de que forma o filme Capitão América: Soldado Invernal reproduz o discurso hegemônico das práticas antiterroristas da política externa dos Estados Unidos, no contexto pós-11 de setembro. Mais especificamente, apresenta-se três práticas antiterroristas: o ataque preventivo, o uso de drones para target killing e a vigilância civil, que foram efetivadas durante a política externa do governo George W. Bush e Barack Obama, com maior ou menor grau em cada gestão. De acordo com Weldes (1996), o Estado necessita da compreensão do público acerca da situação em que se encontra e das possibilidades de ação, a fim de poder seguir a política externa e a ação estatal com a anuência da sociedade do discurso hegemônico. O argumento do trabalho é de que o filme reproduz representações dessas práticas antiterroristas, contribuindo para a manutenção dos elementos na matriz de recursos linguísticos e culturais da sociedade de forma a produzir o consenso acerca da existência das práticas como opções de ação, e, assim, para a construção de consentimento em relação ao discurso hegemônico. A análise das representações é feita através de dois componentes analíticos: a articulação e a interpelação. Verifica-se que os elementos do filme se articulam nas representações das três práticas antiterroristas e que o detentor dos meios de produção de significado do filme, a companhia The Walt Disney Company, imprime uma leitura preferencial na mensagem do filme, a qual possibilita uma interpelação, se não positiva, suportável, das práticas antiterroristas da política externa dos EUA.

This paper analyzes how the movie Captain America: Winter Soldier reproduces US foreign policy’s anti-terrorist practices hegemonic discourse in the post-September 11 context. In a more specific scale, three anti-terrorist practices are presented: the preventive strike, the use of drones for targeted killing and the civil surveillance, all of which were carried out during George W. Bush and Barack Obama administration’s foreign policies, to a greater or lesses extent. According to Weldes (1996), the State needs public understanding of the situation they are in and possible actions, in order to be able follow its foreign policy and State action with the consente of the society regarding the hegemonic discourse. This paper’s argument is that the film reproduces representations of these anti-terrorist practices, contributing to the maintenance of those elements in the society’s matrix of linguistic and cultural resources in a way that produces consensus about the existence of the practices as options of action, and thus to the construction of consente regarding the hegemonic discourse. The representations’ analysis is made through two analytical componentes: articulation and interpellation. It is found that the film’s elements are articulated in the three anti-terrorist practices; also it is found that the holder of the film’s production of meaning, that is, The Walt Disney Company, gives a preferential reading in the film’s message. That enables the foreign policy’s anti-terrorist practices interpellation to be, if not positive, bearable.