Apresentação de pacientes : o que resta ao médico quando o corpo do doente escapa?

Abstract

A apresentação de pacientes é um dispositivo que foi amplamente utilizado na psiquiatria clássica. No entanto, há poucas referências na literatura sobre esse tema. Ao fazer um resgate da história desse dispositivo, encontra-se um saber médico que busca controlar totalmente o corpo de um indivíduo a fim de saber sobre o mal que lhe atinge. Sem considerar que uma subjetividade possa se fazer presente, o médico fracassa em seu objetivo, pois há algo que escapa dele. Para (re)afirmar seu poder médico, expõe o paciente diante de um público. No decorrer das linhas desse trabalho, percorre-se um trajeto de busca minimamente compreender como a dor de alguém pode ter se tornado um espetáculo. Para isso, realiza-se uma investigação que tem como base visitar literaturas sobre a psiquiatria clássica e os grandes mestres desse período, Charcot e Clérambault. A prática desses médicos foi amplamente criticada, embora não necessariamente isso tenha ocorrido cronologicamente ao seu tempo. A despeito das críticas que são tecidas sobre esse dispositivo, ele foi importante para o desenvolvimento da psicanálise.

The presentation of patients is a device that has been extensively used in classical psychiatry. However, there are few references in the literature about this subject. When retrieving the history of this device, there is a medical knowledge that seeks to totally control an individual's body in order to know about the evil that affects him. Without considering that a subjectivity can be there, the doctor fails in his objective because there is something that escapes to him. To (re)affirm his medical power, he exposes the patient in front of an audience. Throughout the lines of this paper, a path is made for try understand minimally how someone's pain may have become a spectacle. For this, an investigation is made that visit the literature about classical psychiatry and the great masters of this period, Charcot and Clérambault. The practice of these doctors was widely criticized, although this did not necessarily happen chronologically in their time. Despite the criticisms that are made about this device, it was important for the development of psychoanalysis.