Autopercepção da saúde bucal em adultos e idosos em tratamento no Hospital de Ensino Odontológico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Abstract

INTRODUÇÃO: Saúde bucal está ligada ao conceito de qualidade de vida. Conhecer como as pessoas se percebem em relação a sua condição de saúde bucal traz a possibilidade da compreensão de suas experiências de vida, incluindo aspectos do bemestar funcional, social e psicológico, tendo potencial para a melhoria do cuidado em saúde. OBJETIVO: Analisar a autoperceção da saúde bucal em pessoas adultas e idosas que estavam em tratamento no Hospital de Ensino Odontológico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). METODOLOGIA: Pesquisa de abordagem qualitativa realizada na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foram convidados a participar da pesquisa pacientes em tratamento odontológico na Universidade, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos. Entrevistas individuais, semiestruturadas, que seguiram um roteiro pré-estabelecido foram realizadas, as quais foram gravadas em equipamento de áudio e transcritas. O material textual produzido nas entrevistadas foi interpretado pela análise temática de conteúdo. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa. RESULTADOS: Expressões de um corpo em desconforto, marcado por limitações nas funções fisiológicas (mastigação, fala e paladar) e sociais (convívio social, emprego, aparência, sorriso) do cotidiano da vida, estiveram presentes nas narrativas das pessoas que se percebiam negativamente em relação à saúde bucal. Foram relatos associados ao não uso de próteses ou uso de próteses inadequadas, a doenças dentárias, ao mau hálito e à dor, que mobilizaram diferentes sentimentos (desespero, nervosismo, irritação, vergonha, constrangimento e opressão). A oportunidade da recuperação desse corpo, por meio do acesso e realização do tratamento odontológico, trouxe a possibilidade de uma ‘reaprendizagem corporal’ para que esse corpo pudesse seguir interagindo no mundo. Assim, ganhos se refletiram na vida das pessoas, motivando-as, mudando sua autoestima e trazendo segurança para a realização das atividades do cotidiano, bem-estar e melhora nas relações sociais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Autopercepção negativa esteve associada ao uso de próteses mal adaptadas, ausência dentária, presença de dor, doenças bucais e mau hálito, que interferiram na realização das atividades diárias, trazendo prejuízo no convívio social e causando insatisfação com a aparência. Autopercepção positiva foi observada em relatos referentes à satisfação com o local do serviço de saúde utilizado e ao estar recebendo tratamento odontológico, principalmente, quando esse tratamento contemplou a resolução de problemas estéticos. Estudos qualitativos de autopercepção devem ser estimulados nos serviços de saúde. Compreender como as pessoas se percebem e o contexto que elas estão inseridas pode ajudar na realização de um atendimento mais humanizado e resolutivo, e fazer com que o ‘sujeito a ser cuidado’ seja mais ativo no seu tratamento.

INTRODUCTION: Oral health is linked to the concept of quality of life. Knowing how people perceive themselves in relation to their oral health condition brings the possibility of understanding their life experiences, including aspects of functional, social and psychological well-being, having potential for the improvement of health care. OBJECTIVE: To analyze the oral health self-perception in elderly and elderly people who were being treated at the Dental Teaching Hospital of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS). METHODOLOGY: A qualitative approach was carried out at the Faculty of Dentistry of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), in Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Adult persons aged 18 years and over, of both sexes, who were in dental treatment at the University. Individual, semi-structured interviews were carried out, which followed a pre-established script, which were recorded on audio equipment and transcribed. The textual material produced in the interviewees was interpreted by the thematic content analysis. The research was approved by the Research Ethics Committee. RESULTS: Expressions of a discomfort body, marked by limitations in the physiological functions (chewing, speech and taste) and social (social life, employment, appearance, smile) of daily life, were present in the narratives of people who perceived negatively in relation to oral health. There were reports of non-use of prostheses or the use of inadequate prostheses, dental diseases, bad breath and pain, which mobilized different feelings (despair, nervousness, irritation, shame, embarrassment and oppression). The opportunity for recovery of this body, through the access and accomplishment of dental treatment, brought the possibility of a 'corporal relearning' so that this body could continue to interact in the world. Thus, gains were reflected in people's lives, motivating them, changing their self-esteem and bringing security to the accomplishment of daily activities, well-being and improvement in social relations. FINAL CONSIDERATIONS: The presence of self-regulating volunteers, absence of therapy, absence of benefits, absence of social interaction and dissatisfaction with appearance. The best response was one of the following options regarding the place of pre - selected care, being this the dental treatment and, especially, when this treatment contemplated a resolution of esthetic problems. Qualitative self-perception studies should be encouraged in the health services. Understanding how people perceive themselves and the context they are in can help in achieving a more humanized and resolute care, and make the subject a more active care in their treatment.