Corpos que atritam : escritas sobre resistência de uma estudante-professora

Abstract

Este trabalho pode ser entendido como um exercício do cuidado de si, iniciando no estágio curricular obrigatório de Ciências do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e se expandindo a partir do encontro de um corpo com órgãos com um corpo sem órgãos. Se são de fato dois corpos ou apenas um corpo é uma decisão apenas sua. Porém é preciso ter em mente que tanto o corpo com órgãos quanto o corpo sem órgãos não são opostos. Ambos os corpos são diferentes notas musicais que apenas juntos podem compor uma música. É preciso que haja a organicidade do corpo com órgãos para que seja produzido um corpo sem órgãos. Assim, um corpo atua na superfície do outro, habitando-o, assediando-o, estratificando-o, atravessando-o. Através da cartografia, a história desse encontro leva a três tomos sobre dor e sofrimento vivenciadas enquanto estudante-professora em uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre, circundando as violências, o(s) corpo(s) e o(s) tempo(s). Não pretendo sugerir abordagens ou modelos conceituais, mas costurar provocações e propiciar experiência em um percurso teórico-literário enquanto cantadora, tendo como referência a contação de histórias, o fluxo e o devir.