Avifauna da Cadeia Vitória-Trindade: História, diversidade e conservação

Abstract

A Cadeia Vitória Trindade (CVT), Brasil, é constituída por uma série linear de montes vulcânicos que se estende ao largo do município de Vitória/ES até 1.200 km nas últimas e únicas porções emersas dessa cadeia: a Ilha da Trindade (20°30’S; 29°22’W) e o Arquipélago de Martim Vaz (20°15’S; 28°55’W). Durante sete expedições realizadas através do programa PROTRINDADE entre 2011 e 2015 foram efetuados inúmeros registros fotográficos das aves marinhas que ocorrem ao longo da CVT, sendo a maioria destes obtidos com coordenadas geográficas. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar as espécies a fim de fornecer subsídios para uma melhor compreensão sobre a avifauna desta região. As fotografias foram realizadas com câmeras reflex (SLR) digitais (Nikon D600, Nikon D7000) e lentes zoom 100-400 mm ou 70-300 mm. Foram analisadas 6.820 fotos e os dados georreferenciados foram plotados em mapas para uma análise dos padrões de ocorrência no espaço-tempo. Foram encontradas 23 espécies distribuídas em três ordens: Procellariiformes (11), Charadriiformes (7) e Suliformes (5), sendo que seis são migrantes do Hemisfério Norte e seis do sul do Oceano Atlântico Sul e regiões Antárticas. Todas as oito espécies com reprodução previamente confirmada em Trindade/Martim Vaz foram registradas, destacando-se nos nossos registros a ocorrência de juvenis de Fregata minor nicolli, Fregata ariel trinitatis e Sula sula. As duas primeiras espécies encontram-se criticamente ameaçadas e a terceira encontra-se em perigo, de acordo com a lista brasileira de fauna ameaçada. Esses registros podem ser um indício de que a recuperação da flora, após anos de devastação pela ação de cabras introduzidas, está tornando o ambiente novamente propício para a reprodução destas espécies, que nidificam em árvores. A avifauna da CVT registrada neste trabalho perfaz 26% das aves marinhas já registradas no Brasil. Esse número é ainda mais relevante no que se refere às aves migrantes do Hemisfério Norte, representando 43%, evidenciando a relevância da CVT para as aves marinhas brasileiras.