"Mas afinal, o que é a liberdade?” : o surgimento da Revista Pif-Paf no pós golpe de 1964

Abstract

A presente monografia tem como objetivo analisar a Revista Pif-Paf (criada em 1964 por Millôr Fernandes), importante marco na História da Imprensa alternativa brasileira no contexto da resistência contra a Ditadura Civil-Militar de 1964. Com o objetivo de entendê-la como fonte histórica, são analisadas as suas diversas charges e imagens, a partir da ideia da mídia como formadora e propagadora de opinião dentro da sociedade. A revista é analisada a partir de dois pontos centrais: o humor político como uma arma da resistência contra a ditadura; a problematização das questões de gênero a partir das representações das mulheres utilizadas no periódico. Para tal análise, são empregados conceitos como “representação”, “gênero”, e “humor”, na tentativa de problematizar e contextualizar as temáticas nela presentes. A partir dos pontos que guiam a pesquisa, concluiremos que a força do humor como arma política, reside na desestabilização do objeto pela aproximação ao ridículo em uma tentativa de diminuir aqueles de quem ele fala. Mesmo sendo uma revista de contestação aos moldes autoritários e moralistas da ditadura, existia uma forte reprodução de preconceitos de gênero e machismo por parte de seus autores.

This monograph aims to analyze the Pif-Paf magazine (created in 1964 by Millôr Fernandes), an important landmark in the history of the Brazilian alternative press in the context of resistance against the Civil-Military Dictatorship of 1964. In order to understand it as a historical source, it is analyzed its various cartoons and images, from the idea of media as a tool to form and propagate opinion within society. The journal is analyzed from two central points: the political humor as a weapon of resistance against dictatorship; the problematization of gender issues from the representations of women used in the journal. For this analysis, concepts such as "representation", "gender" and "humor" will be used in an attempt to problematize and contextualize the themes present in it. From those points that guide the research, we will conclude that the force of humor as a political weapon lies in the destabilization of the object by approaching ridicule in an attempt to diminish those of whom he speaks. Even though it was a magazine that challenged the dictatorship's authoritarian and moralistic molds, there was a strong reproduction of gender bias and male chauvinism by its authors.