Concepções sobre ciência e cientista de estudantes do ensino médio e graduandos em química

Abstract

O presente trabalho teve como objetivo investigar as concepções de estudantes do ensino médio e graduandos em química sobre ciência e cientista. A metodologia usada no estudo foi de natureza qualitativa e fenomenológica baseada nas concepções formais de teóricos da Epistemologia e Filosofia da Ciência sobre a natureza da Ciência. Foram utilizados como instrumentos para a coleta de dados um questionário com cinco questões abertas e a criação de desenhos do cotidiano de cientistas. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva e interpretativa. Os resultados mostraram que prevalece uma concepção de que o cientista é do gênero masculino, antissocial e nerd para os estudantes do ensino médio, e só a questão de pluralidade de gênero é diferente na visão dos graduandos em química. Foi possível identificar que as concepções sobre a ciência dos estudantes do ensino médio são mais superficiais que as concepções dos graduandos em química, estas já mais sólidas e profundas. As concepções mais aceitas apresentadas pelos estudantes em geral foram: a ciência como estudo dos fenômenos, a ciência como construção do conhecimento e a de que o cientista é uma pessoa normal. As concepções deformadas foram mais frequentes em ambos os grupos e os estudantes de ensino médio possuem visões mais ingênuas, simplistas e generalistas da ciência. As concepções mais amplamente expressadas pelos graduandos em química foram a de ciência utilitarista e salvacionista, avanço da sociedade, neutralidade social da ciência, em que é possível perceber uma visão ingênua da influência da ciência na sociedade e desta na ciência. Ainda, expressa por uma minoria dos graduandos, foram as concepções de ciência exclusivamente analítica e reducionista e de ciência empírico-indutivista e ateórica. Os alunos de ensino médio apresentaram em maior proporção as concepções: escolar e generalista, a de ciência individualista e elitista, empírico-indutivista e ateórica e de ciência socialmente neutra, seguido de outras visões mais simplistas e ingênuas da ciência. Portanto, foi possível identificar que os estudantes de ensino médio apresentaram concepções mais superficiais de ciência e que suas visões sobre cientistas são mais estereotipadas do que os graduandos em química, porém ambos os grupos de estudantes apresentaram em maior parte visões deformadas sobre a Ciência.

The present work aimed to investigate the conceptions of high school and chemistry undergraduate students about science and scientist. The methodology used in the study was of a qualitative and phenomenological nature based on the formal conceptions of the theorists of the Epistemology and Philosophy of Science about the nature of Science. A questionnaire with five open questions and the creation of everyday scientific drawings were used as instruments for data collection. Data analysis was performed descriptively and interpretatively. The results indicated that prevailing view of the scientist was male, antisocial, and nerd for high school students, as well as for chemistry undergraduates, with exception of gender plurality. It was possible to identify that the conceptions about the science of the high school students are more superficial than the chemistry undergraduate students conceptions, which were already more solid and deep. The conceptions most accepted were: science as a study of phenomena, science as the construction of knowledge and that the scientist is a normal person. Deformed conceptions were more frequent in both groups than the most accepted conceptions and high school students had more naive, simplistic and generalist views of science. The conceptions most expressed by chemistry undergraduates were those of utilitarian and salvationist science, advancement of society, social neutrality of science, in which is possible to perceive a naive view about the relationships between science and society. Moreover, the conceptions of reductionist and analytical science and empirical-inductive and atheoretical science were expressed by a minority of the students. High school students presented in greater proportion the conceptions: scholar and generalist, individualistic and elitist science, empirical-inductivist and atheoretical and the socially neutral science, followed by other more simplistic and naive views of science. Therefore, it was possible to identify that high school students presented more superficial conceptions of science and that their visions about scientists are more stereotyped than those undergraduates in chemistry, but both groups of students presented mostly deformed visions about Science.