Avaliação do potencial erosivo de águas minerais engarrafadas

Abstract

O presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial erosivo de águas minerais engarrafadas com gás e sem gás. Foram realizados dois experimentos. No primeiro experimento foram avaliadas os valores de pH e os valores de titrabilidade ácida de 27 marcas comerciais de águas minerais engarrafadas com gás e sem gás comercializadas na cidade de Porto Alegre, RS. No segundo experimento, utilizou-se blocos de esmalte e dentina de dentes humanos (terceiros molares hígidos) que foram divididos em 2 grupos que receberam tratamento com água mineral com gás ou com água mineral sem gás. A partir das amostras dentárias foram analisadas a microdureza superficial antes e após os tratamentos. As médias dos valores de pH, e porcentagem de perda de dureza superficial (%PDS) foram submetidas ao teste t de Student e U de Mann-Whitney. Foram analisadas também as concentrações de cálcio, flúor e fósforo das bebidas. Os valores de pH (média e desvio-padrão) encontrados foram 7,90 ± 1,19 e 4,97 ± 0,38 para as águas minerais sem gás e com gás, respectivamente. Para a titrabilidade ácida foi encontrada uma média de 7,40 ± 1,01 mL para as águas com gás. Não foi realizada a análise da titrabilidade ácida nas amostras de água mineral sem gás, pois todas apresentaram valores de pH neutro. Em relação à perda de dureza superficial em esmalte, não foi observada diferença entre os grupos água com gás e água sem gás. Entretanto, em dentina, a perda de dureza superficial foi maior no tratamento com água com gás comparado ao da água sem gás (p < 0,05). A concentração de flúor foi superior no grupo água com gás, e fósforo teve valores similares para os dois grupos, porém, a concentração de cálcio não foi detectada no grupo água com gás. Baseado nos resultados do presente estudo verifica-se que a água mineral engarrafada com gás avaliada, possui um potencial erosivo maior do que a água sem gás, em dentina, devido ao seu baixo pH, elevada titrabilidade ácida e seu reduzido conteúdo de cálcio.

The present study was aim to evaluate the erosive potential of carbonated bottled mineral waters and noncarbonated version. Two experiments were realized. In the first experiment the pH values and the values of titrable acidity of 27 brands bottled mineral waters in carbonated and noncarbonated version sold in the city of Porto Alegre, RS were evaluated. In the second experiment, was used blocks of enamel and dentin of human teeth (third molars healthy) were divided into 2 groups receiving treatment with carbonated mineral water or noncarbonated mineral water. From dental samples were analyzed superficial microhardness before and after treatments. The mean values of pH, and percentage of loss of surface hardness (LSH%) were subjected to the t Student test and Mann-Whitney test. Concentrations of calcium, phosphorus and fluoride beverages were also analyzed. The pH values (mean and standard deviation) were found 7.90 ± 1.19 and 4.97 ± 0.38 for carbonated mineral water and noncarbonated, respectively. For titrable acidity was found an average of 7.40 ± 1.01 for carbonated water. No analysis of titrable acidity in samples of noncarbonated mineral water was performed, since all had neutral pH values. Regarding the loss of enamel surface hardness, no difference between the groups carbonated mineral water or noncarbonated mineral water was observed. However, in dentin loss of surface hardness was higher in the carbonated mineral water compared to the noncarbonated mineral water (p <0.05). The fluoride concentration was higher in group carbonated water, and phosphorus had similar values for both groups, however, the concentration of calcium was not detected in group carbonated water. Based on the results of this study it appears that the carbonated bottled mineral waters evaluated, have an erosive potential higher than noncarbonated mineral water in dentin due to their low pH, high titrable acidity and low calcium content.