Sintomas alimentares infantis e a interação mãe-bebê

Abstract

A alimentação constitui uma das vias de expressão da subjetividade dos bebês. É nesta experiência, que envolve segurança, carinho e cumplicidade com seu cuidador, que o bebê encontra uma oportunidade de expressar seus conflitos internos e familiares. Trata-se de um momento delicado, frequentemente alvo de preocupação das mães, sendo muitas vezes motivo de dúvidas, insegurança e sofrimento. O objetivo deste estudo foi investigar as questões alimentares de bebês até doze meses de idade, de acordo com o relato materno, e sua associação com a qualidade da interação mãe-bebê. Participaram deste estudo 40 duplas mãe-bebê. Os participantes eram provenientes do estudo “Depressão pós-parto: Prevalência, antecedentes e intervenção”. A idade média dos bebês foi de 8 meses e 26 bebês eram do sexo feminino. A idade média das mães foi de 31 anos e a maioria (32) tinha um companheiro estável. O bebê era o primeiro filho do casal na maioria dos casos (27). 16 bebês já estavam frequentando a escola. A análise do somatório dos escores do Symptom Checklist para sintomas de alimentação e dos escores do Procedimento da Avaliação da Interação indicou correlações para as dimensões sensibilidade, não hostilidade, estrutura, responsividade e envolvimento. Quanto maiores as pontuações no Symptom Checklist (para sintomas de alimentação), menores os escores de sensibilidade, estrutura, não-hostilidade, responsividade e envolvimento. Esses resultados indicam que as questões alimentares podem estar permeadas pela qualidade da interação mãe-bebê. Tais aspectos devem ser considerados quando houver queixas quanto à alimentação de bebês, pois os sintomas psicofuncionais podem sinalizar dificuldades vinculares na relação mãe-bebê.

Feeding is one of the ways infants can express their subjectivity. It is in this experience, which involves security, affection and complicity with its caregiver, that the baby finds an opportunity to express its internal and family conflicts. This delicate moment is often cause of doubts, insecurity and suffering to the mothers. The purpose of this study was to investigate the food issues of infants up to 12 months of age, according to the maternal report and its association with the quality of the mother-infant interaction. The study included 40 mother-infant dyads who participated in the study "Postpartum Depression: Prevalence, Background and Intervention". The mean age of the babies was 8 months and 26 babies were female. The mean age of the mothers was 31 years and the majority (32) had a stable partner. The baby was the couple's first child in most cases (27). 16 babies were already attending school. The analysis of the sum of the Symptom Checklist for feeding symptoms and the scores of the Interaction Assessment Procedure indicated correlations for the aspects sensitivity, non-hostility, structure, responsiveness and involvement. That is, the higher the scores on the Symptom Checklist (for feeding symptoms), the lower the sensitivity, structure, non-hostility, responsiveness, and involvement scores. These results indicate that food issues may be permeated by the quality of the mother-infant interaction. Such aspects should be considered when there are complaints about infant feeding, as psychofunctional symptoms may indicate binding difficulties in the mother-baby relationship.