Pescadores e botos : histórias de uma conexão em rede
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Data
2016Autor
Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Graduação
Resumo
Na Barra do Rio Tramandaí, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, uma interação singular acontece. Pescadores artesanais de tarrafa e botos trabalham juntos na pesca da tainha. Essa interação, denominada pesca cooperativa, é resultado de uma prática cultural aprendida de geração em geração tanto entre os botos quanto entre os pescadores. A parceria estabelecida entre eles ajuda na sobrevivência de ambos os atores uma vez que leva a melhores resultados na pesca. Contudo, botos e pescadores sofrem c ...
Na Barra do Rio Tramandaí, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, uma interação singular acontece. Pescadores artesanais de tarrafa e botos trabalham juntos na pesca da tainha. Essa interação, denominada pesca cooperativa, é resultado de uma prática cultural aprendida de geração em geração tanto entre os botos quanto entre os pescadores. A parceria estabelecida entre eles ajuda na sobrevivência de ambos os atores uma vez que leva a melhores resultados na pesca. Contudo, botos e pescadores sofrem com diversos impactos de ordem econômica e social que ameaçam a sua coexistência e sua prática cultural na região. Nessa perspectiva, o Projeto Botos da Barra vem atuando em campanhas de Educação Ambiental (EA) afim de fornecer subsídios para garantir a continuidade da pesca cooperativa e a conservação de seus atores. Atualmente, a EA aparece como uma das formas mais significativas de combater as desigualdades socioeconômicas e estimular a valorização de grupos sociais vulneráveis. Ela apresenta-se como atividade intencional da prática social atribuindo valores éticos e reflexões críticas sobre a relação do ser humano no meio socioambiental. Levando isso em consideração, o presente trabalho buscou produzir um instrumento didático, sensibilizador e democrático em cooperação com os sujeitos que o significam (os pescadores artesanais de tarrafa) através de sua própria expressão. A construção metodológica teve seus aportes em abordagens do campo da antropologia visual e de relatos orais de métodos biográficos. A interação entre essas estratégias levou a construção daquilo que pretende transformar-se em uma prática educativa sensibilizadora: uma exposição fotográfica itinerante. A etapa de montagem da exposição foi fundamental na investigação, não apenas pela composição formada entre fotografias e trechos de trajetórias de vida, mas principalmente pelo espaço de fala e decisão por parte dos pescadores artesanais de tarrafa. Enquanto a imagem parece ser capaz de suscitar a curiosidade, o interesse e produzir a valorização positiva sobre o grupo e sua prática cultural de forma estética, as narrativas apresentam a oportunidade de confronto com as dificuldades atualmente experimentadas por esses profissionais gerando a reflexão crítica necessária às práticas de EA. A participação deles na escolha de quais trechos e quais fotografias representam seu grupo cultural, ampliou as possibilidades de compreensão acerca da rede de conexões existente, expressando através do plano visual o que era traduzido nas falas. Assim, não só o nosso aprendizado sobre quem são e o que os significa foi ampliado, como a própria exposição fotográfica foi ressignificada entre os códigos e signos que integram a pesca cooperativa. Essa exposição percorrerá diversos espaços públicos com a intenção de contar um pouco mais sobre a história da pesca cooperativa, sobre a história coletiva desse grupo de profissionais e sobre a rede de conexões formadas entre seres humanos e botos em seu espaço relacional. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Biociências. Curso de Ciências Biológicas: Licenciatura.
Coleções
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TCC Ciências Biológicas (1355)
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