Uma revisão crítica dos métodos de ensaio da inibição da lipase pancreática

Abstract

Obesidade é uma doença crônica que predispõe à hipertensão, diabetes tipo II, hiperlipidemia, doença coronariana, acidente vascular cerebral e certos tipos de câncer. O aumento da sua prevalência no Brasil, assim como em vários países, tem se tornado um problema de saúde pública e tem incentivado a busca por novas alternativas farmacológicas para o tratamento desta patologia. Os efeitos adversos dos inibidores de apetite de ação central e a sua recente proibição em alguns países, incluindo o Brasil, têm propiciado alternativamente a pesquisa de fármacos de ação periférica. Nesse contexto, o desenvolvimento de inibidores da digestão e absorção de lipídios através de mecanismos gastrointestinais surge como uma importante estratégia. Entre os potenciais alvos terapêuticos encontram-se enzimas envolvidas no metabolismo dos lipídios, com destaque para a lipase pancreática (LP). Orlistat, um forte inibidor da LP, é usualmente utilizado como fármaco de referência. A avaliação da inibição da atividade da LP pode ser realizada por diferentes métodos in vitro, mediante determinação dos ácidos graxos livres ou de outros produtos resultantes da hidrólise do substrato. Entretanto, a evidência acumulada indica a existência de variáveis analíticas que são determinantes para a exatidão e precisão do método e que, consequentemente, devem ser levadas em consideração a fim de se obter resultados confiáveis. Fatores críticos, como composição do meio de incubação, uso e tipo de tensoativo, tempo e modo de interromper a reação enzimática podem ser significativos, dependendo da substância a ser analisada. Neste trabalho, aspectos relevantes a este tema são abordados de modo sistemático, visando destacar as principais variáveis analíticas implícitas na avaliação in vitro da atividade inibitória sobre a LP.