Medo, política externa e cinema nos Estados Unidos da América nos anos 1990

Abstract

O presente trabalho visa relacionar a produção cultural do cinema de Hollywood dos anos 1990 com os rumos da política externa do governo de Bill Clinton (1993-2001). A partir da revisão da influência da cultura para as Relações Internacionais, disserta-se sobre a importância do cinema enquanto instituição cultural, o poder e abrangência de Hollywood e as suas conexões com o governo dos EUA. Em concordância com o contexto dos anos 1990 e com os rumos e diretrizes de política externa de Bill Clinton, ensaia-se sobre a política excepcionalista norte-americana e a constante presença do elemento do medo no imaginário social do país. Ainda, realiza-se uma pesquisa com 315 filmes produzidos entre 1993 e 2001, em busca de montar uma análise de frequência de ameaças e inimigos presentes nestes filmes. Por fim, observam-se as repercussões das escolhas e rumos de política externa do período nos filmes do mesmo período. Conclui-se que o inimigo mais comum aos filmes era o inimigo doméstico e que a política do multiculturalismo fora refletida nestas produções.

This study sought to relate the cultural production of the Hollywood movies with Bill Clinton’s foreign policy directions and guidelines, through the years 1993 to 2001. Starting by reviewing the influence of culture for International Relations analysis, it discourses on the importance of cinema as a cultural institution, on the power and comprehensiveness of Hollywood and on its connections to the US government. In concordance with the context of the 1990s and with the courses of Bill Clinton’s foreign policy, the American exceptionalist policy and the constant presence of the element of fear in the social imaginary of this country are addressed. Furthermore, 315 films released between 1993 and 2001 are reviewed in order to analyze the frequency that different threats or enemies appeared on these. Finally, the impact of foreign policy guidelines of this period is observed and analyzed in these films. This study concludes that the most common enemy featured in these movies was the “domestic enemy” and that those films reflected the multiculturalism policy.