A clínica da presença no manicômio judiciário : considerações cartográficas a partir da experiência na oficina cafofo

Abstract

O presente trabalho parte da experiência e do percurso enquanto estagiário de diferentes modalidades obrigatórias (básico, políticas públicas e clínica) do curso de psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no Instituto Psiquiátrico Forense - o manicômio judiciário que atende ao Estado do Rio Grande do Sul. A partir desse trajeto, construiu-se uma oficina de atividades expressivas - o centro cultural Cafofo - que se consolidou como um campo de estágio supervisionado que abriga diferentes atividades - artísticas, musicais, futebolísticas, cinema, ou simplesmente um centro de vivências que busca resistir às forças de morte operantes na instituição. Convoca-se os conceitos de arquivo e testemunho de Agamben, e também aportes conceituais de Deleuze e Guattarri, além da crítica e da (des)construção histórica de Foucault para produzir uma análise das possibilidades e da potência de tal “ilha” de combate ao manicômio judiciário no interior do mesmo, a partir do trabalho do psicólogo enquanto presença - presença que busca atentar, escutar e amplificar os murmúrios que comumente são silenciados e soterrados pelas vastas camadas de enunciados psiquiátricos e prisionais.