Desnaturar desmundos : a imagem e a tecnologia para além do exílio no humano
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Data
2012Autor
Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
O presente trabalho se debruça sobre a questão de como nossa sociedade ocidental, em suas centenas de anos de arte, filosofia e ciência, findou por construir imensos binarismos que dividiam duas maneiras do mundo operar: o natural e o artifício. A partir desta bipartição, nossa civilização elaborou uma longa e duradoura série de bifurcações: tecnologia e natureza, homem e natureza, cultura e natureza, entre muitos outros binarismos os quais se apóiam (completa ou parcialmente) na dualidade por ...
O presente trabalho se debruça sobre a questão de como nossa sociedade ocidental, em suas centenas de anos de arte, filosofia e ciência, findou por construir imensos binarismos que dividiam duas maneiras do mundo operar: o natural e o artifício. A partir desta bipartição, nossa civilização elaborou uma longa e duradoura série de bifurcações: tecnologia e natureza, homem e natureza, cultura e natureza, entre muitos outros binarismos os quais se apóiam (completa ou parcialmente) na dualidade por nós inventada entre o artifício e a natureza. Para dar cabo dos binarismos, nos utilizamos da aqui denominada operação de desnaturação: transformando o conceito de natureza (em geral substancial ou formalmente identitário, ligado à noção de totalidade e até de obra divina) em algo fluido e paradoxal, diluiremos as oposições binárias do juízo em variações estilísticas ético-estéticas. Impedimos assim a estratégia cara ao juízo de polarizar pólos (substanciais ou formais) quando da discussão de um tema onde há um campo de tensões complexo: ensino a distância versus quadro negro e saliva, cidade versus campo, entre ilimitados outros. Ao impedir este estratagema de dividir para simplificar, julgar e excluir elementos da complexidade do mundo, somos então obrigados a problematizar de modo complexo e singular as tensões presentes nas relações da tecnologia com o mundo, pois apenas assim poderemos elaborar uma ética-estética que guie nossas composições estilísticas de nos relacionarmos com os chamados “objetos técnicos” (SIMONDON, 2007). Enfim, operamos aqui a problematização da natureza do conceito de natureza (sua ontologia), desnaturando-o (o maculando com paradoxos e devires) para erigir uma éticaestética dos nossos modos de relação-criação com as tecnologias e a produção de imagens segundo a perspectiva da lógica da diferença. Filosofia, literatura, ciências sociais e artes se encontram híbridas na produção de um novo corpo para o problema da natureza da imagem e da tecnologia que ultrapasse seu aprisionamento no desmundo humano, onde toda presença da técnica, tecnologia e imagem são sempre consideradas como ausência do mundo: a foto definida como ausência do referente, a pintura como ausência da paisagem, o robô tomado como ausência do corpo humano, a palavra como a ausência do objeto, a televisão como a ausência da praça, a Internet como a ausência da sala de aula. Para provocar esta fuga, nos utilizamos dos mais variados artifícios da criação escrita: filosóficos, científicos e literários. Com isso, retiramos a imagem e a tecnologia do exílio no humano e as colocamos de volta junto das coisas do mundo. ...
Abstract
The present work focus on how our Western society, after centuries of art, philosophy and science, ended up creating giant binarisms which divided how the world worked in two categories, the natural and the artifice. Based on such separation, our civilization has elaborated a long and enduring series of bifurcations: technology and nature, men and nature, culture and nature, among many other binarisms completely or partially based on the invented separation between artifice and nature. To put a ...
The present work focus on how our Western society, after centuries of art, philosophy and science, ended up creating giant binarisms which divided how the world worked in two categories, the natural and the artifice. Based on such separation, our civilization has elaborated a long and enduring series of bifurcations: technology and nature, men and nature, culture and nature, among many other binarisms completely or partially based on the invented separation between artifice and nature. To put an end to these binarisms, we use here the operation of denaturation. Transforming the concept of nature (usually substantially or formally identitary, related to the idea of totality and even divine work) into something fluid and paradoxal, we dilute the binary oppositions of judgment into ethical and aesthetical stylistic variations. Such procedure interrupts the judgment strategy of polarizing poles (substantial or formal), normally used during the discussion of a theme surrounded by a complex field of tension: distance education versus blackboard and saliva, city versus countryside, among an infinite number of other examples. If we suspend this strategy of dividing in order to simplify, judge and exclude elements of the complexity of the world, we are then forced to consider the tensions which characterize the relationships between technology and the world in a complex and singular way. Doing so, we can elaborate a form of ethics-aesthetics to guide the stylistic compositions we use to relate to the so called “technical objects” (SIMONDON, 2007). Finally, we question here the nature of the concept of nature (its ontology), denaturating it (maculating it with paradoxes and transformations) in order to build a form of ethics-aesthetics based on how we relate to and create with technologies, producing images according to the logical perspective of difference. Philosophy, literature, social sciences and arts are mixed in the production of a new body for the problem of the nature of the image and the technology, which surpasses its enclosure in the human unworld, in which the presence of technique, technology and image is always considered as the absence of the world: photography defined as the absence of the referent, painting as the absence of landscape, robots as the absence of the human body, the word as the absence of the object, television as the absence of squares, the Internet as the absence of the classroom. To create this escape, we use a variety of artifices characteristic of writing creation - philosophical, scientific and literary. Doing so, we remove the image and the technology from the exile of the human and return them to the sphere of worldly existence. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Centro de Estudos Interdisciplinares em Novas Tecnologias da Educação. Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação.
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