Fatores socioeconômicos em nível de área e saúde bucal
Visualizar/abrir
Data
2025Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Outro título
Area-level socioeconomic factors and oral health
Assunto
Resumo
Introdução: Problemas de saúde bucal em crianças e adolescentes causam impactos físicos e psicossociais relevantes, incluindo dor, dificuldades alimentares e comprometimento da qualidade de vida. Embora fatores individuais como higiene bucal e dieta sejam reconhecidos como determinantes, estudos recentes destacam a influência de determinantes contextuais, como condições socioeconômicas e suporte social, nas desigualdades em saúde bucal. Objetivos: Este estudo buscou: (1) revisar sistematicament ...
Introdução: Problemas de saúde bucal em crianças e adolescentes causam impactos físicos e psicossociais relevantes, incluindo dor, dificuldades alimentares e comprometimento da qualidade de vida. Embora fatores individuais como higiene bucal e dieta sejam reconhecidos como determinantes, estudos recentes destacam a influência de determinantes contextuais, como condições socioeconômicas e suporte social, nas desigualdades em saúde bucal. Objetivos: Este estudo buscou: (1) revisar sistematicamente evidências sobre a relação entre fatores socioeconômicos contextuais e saúde bucal; (2) investigar a associação entre qualidade da educação pública e saúde bucal em adolescentes brasileiros. Métodos: Para a revisão sistemática, foram analisados 44 estudos publicados entre 2006 e 2024 que examinaram indicadores socioeconômicos regionais (como Índice de Desenvolvimento Humano, renda média e índices de privação) e sua relação com saúde bucal. O estudo original utilizou dados de 11.895 adolescentes entre 12 e 19 anos de 177 municípios brasileiros, coletados na Pesquisa Nacional de Saúde Bucal de 2010. A saúde bucal foi avaliada pelo índice de Dentes Cariados, Perdidos ou Obturados, enquanto a qualidade educacional foi medida por um escore composto que considerou taxas de evasão escolar, distorção idade-série e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Foram utilizados modelos estatísticos multiníveis que consideraram tanto fatores individuais quanto municipais. Resultados: Não foi possível fazer uma análise resumida quantitativa devido à heterogeneidade metodológica fundamental em relação aos níveis de agregação, medidas de resultados (perda de dentes, experiência de cárie e cárie não tratada) e métricas (dicotômica/contínua). A maioria dos estudos ajustou fatores socioeconômicos de nível individual (82%). As associações hipotéticas foram mais consistentes para dentição funcional ou edentulismo (6/6 estudos), em nível médio de agregação (13/15) e para IDH (10/13). Os estudos com várias categorias ordenadas descreveram gradientes claros e efeitos mais fortes. O estudo original encontrou atrasos na educação fortemente associados a uma saúde bucal mais precária. Adolescentes com dois ou mais anos de atraso escolar apresentaram chances significativamente maiores de cáries não tratadas (OR=2,76, IC95%: 2,41- 3,15) e perda dentária (OR=1,93, IC95%: 1,62-2,29). Um escore de Qualidade da Escola Pública mais alto foi associado a menores chances de ambos os problemas de saúde bucal, sugerindo um efeito protetor de qualidade educacionais melhores. As interações entre os níveis foram inconsistentes quanto a significância dos resultados. Conclusão: As evidências sugerem um efeito benéfico de viver em áreas afluentes e em melhores condições, além dos fatores socioeconômicos individuais, sobre a saúde bucal. Não se sabe se esse efeito é semelhante entre pessoas de diferentes origens socioeconômicas individuais, embora os estudos devam explorar isso. Há necessidade de discutir e padronizar o uso de medidas socioeconômicas em nível de área na pesquisa odontológica. Os resultados destacam que desigualdades em saúde bucal são influenciadas por fatores contextuais além dos individuais, sendo a qualidade da educação um determinante modificável potencial. Intervenções intersetoriais emergem como estratégias promissoras para melhorar saúde bucal de maneira universal. ...
Abstract
Introduction: Oral health issues in children and adolescents cause significant physical and psychosocial impacts, including pain, eating difficulties, and impaired quality of life. Although individual factors such as oral hygiene and diet are recognised as determinants, recent studies highlight the influence of contextual determinants, such as socioeconomic conditions and social support, on oral health inequalities. Objectives: This study aimed to: (1) systematically review evidence on the rela ...
Introduction: Oral health issues in children and adolescents cause significant physical and psychosocial impacts, including pain, eating difficulties, and impaired quality of life. Although individual factors such as oral hygiene and diet are recognised as determinants, recent studies highlight the influence of contextual determinants, such as socioeconomic conditions and social support, on oral health inequalities. Objectives: This study aimed to: (1) systematically review evidence on the relationship between contextual socioeconomic factors and oral health; (2) investigate the association between public education quality and oral health in Brazilian adolescents. Methods: For the systematic review, 44 studies published between 2006 and 2024 were analysed, examining regional socioeconomic indicators (such as the Human Development Index, average income, and deprivation indices) and their relationship with oral health. The original study utilised data from 11,895 adolescents aged 12 to 19 across 177 Brazilian municipalities, collected in the 2010 National Oral Health Survey. Oral health was assessed using the Decayed, Missing, or Filled Teeth index, while educational quality was measured via a composite score accounting for school dropout rates, age-grade distortion, and the Basic Education Development Index. Multilevel statistical models were employed, considering both individual and municipal-level factors. Results: A quantitative summary analysis was not feasible due to fundamental methodological heterogeneity regarding aggregation levels, outcome measures (tooth loss, caries experience, and untreated caries), and metrics (dichotomous/continuous). Most studies adjusted for individual-level socioeconomic factors (82%). Hypothesised associations were most consistent for functional dentition or edentulism (6/6 studies), at an intermediate aggregation level (13/15), and for the Human Development Index (10/13). Studies with multiple ordered categories described clear gradients and stronger effects. The original study found that educational delays were strongly associated with poorer oral health. Adolescents with two or more years of school delay had significantly higher odds of untreated caries (OR=2.76, 95% CI: 2.41–3.15) and tooth loss (OR=1.93, 95% CI: 1.62–2.29). A higher Public School Quality score was associated with lower odds of both oral health issues, suggesting a protective effect of better educational quality. Interactions between levels were inconsistent in terms of the significance of the results. Conclusion: The evidence suggests a beneficial effect of residing in affluent areas with better conditions, beyond individual socioeconomic factors, on oral health. Whether this effect is similar across individuals from different socioeconomic backgrounds remains unclear, though future studies should explore this. There is a need to discuss and standardise the use of area-level socioeconomic measures in dental research. The findings highlight that oral health inequalities are influenced by contextual factors beyond individual ones, with educational quality being a potential modifiable determinant. Intersectoral interventions emerge as promising strategies to improve oral health universally. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Odontologia. Programa de Pós-Graduação em Odontologia.
Coleções
-
Ciências da Saúde (9620)Odontologia (795)
Este item está licenciado na Creative Commons License


