Além do rio, Gota d´água e Gota d´água preta : três Medeias e as possibilidades de um teatro brasileiro antirracista

Abstract

Este trabalho consiste na análise de duas obras do teatro brasileiro, sendo a segunda com uma montagem recente, além da original. Além do rio (1957) de Agostinho Olavo. Gota d’água (1975) de Chico Buarque e Paulo Pontes e sua recente montagem Gota d’água preta (2019) do diretor Jé Oliveira. A análise ocorre amparada nos intelectuais Toni Morrison, Abdias do Nascimento e Luiz Mauricio Azevedo. Busca entender através dessas três montagens como se dá o apagamento e a presença da cor e do corpo negro no teatro brasileiro. Direcionando a atenção para as personagens negras, especialmente as protagonistas: as Medéias. Busca refletir e esboçar respostas a perguntas sobre como, tanto pelo apagamento como pela presença, a cor e o corpo negro figuram nessas peças. E se está apagada, por que discuti-la? Indo além, qual o papel da cor e do corpo negro na construção de um teatro brasileiro antirracista? Tanto o apagamento como a presença, da maneira que estão postas, revelam o racismo no Brasil? O gesto de Jé Oliveira, de reler a obra de dois intelectuais brancos, contribui para uma literatura, mais especificamente, para um teatro, antirracista? Apresento as tentativas de responder a essas questões a partir dos textos, das encenações e das contribuições dos intelectuais citados.

El siguiente estudio consiste en el análisis de dos obras del teatro brasileño, a saber la segunda con un montaje reciente, además de la original. Além do rio (1957) de Agostinho Olavo. Gota d´água (1975) de Chico Buarque y Paulo Pontes y su reciente montaje Gota d´água preta (2019) del director Jé Oliveira. El análisis ocurre a partir de los intelectuales Toni Morrison, Abdias do Nascimento y Luiz Mauricio Azevedo. Busca entender través destas tres montajes como ocurre el apagamiento y la presencia del color y del corpo negro en el teatro brasileño. Direccionando la atención para las personajes negras, en particular las protagonistas: las Medéias. Busca reflexionar y esbozar respuestas a las preguntas sobre como, tanto por el apagamiento como por la presencia, el color y el corpo negro destacanse en las piezas. Si apagada, ¿por qué discutir? A continuación, ¿cuál el papel del color y del corpo negro en la construcción del teatro brasileño antirracista? ¿Tanto el apagamiento como la presencia, de la manera que se ponen, revelan el racismo en Brasil? El gesto de Jé Oliveira, de releer la obra de dos intelectuales blancos, ¿contribuye para una literatura, en concreto, para un teatro, antirracista? Presento los intentos de contestar a las cuestiones a partir de los textos, de las representaciones y de las contribuciones de los intelectuales referidos.