Perfil da violência no trabalho em um hospital de grande porte da Região Sul : resultados da notificação ao SINAN através de formulário eletrônico

Abstract

Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como o uso da força física ou do poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em lesão, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. Violência no trabalho é considerada como toda ação voluntária de um indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo que venha a causar danos físicos ou psicológicos, ocorrida no ambiente de trabalho, ou que envolva relações estabelecidas no trabalho. Casos de violência no trabalho podem ser notificados ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) através da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), e ao Ministério da Saúde (MS), através da notificação ao Sistema Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A violência no trabalho é um problema de saúde pública, e sua identificação e notificação são necessários para enfrentamento do problema, ações de vigilância epidemiológica, definição de políticas públicas de prevenção e promoção de saúde. Objetivos: Caracterizar casos de violência no trabalho a partir das notificações ao (SINAN) realizadas por um Serviço de Medicina Ocupacional de um hospital universitário terciário. Métodos: Estudo descritivo a partir dos dados de notificação de violência do SINAN de atendimentos realizados entre julho de 2022 e março de 2024. Foram analisados dados como função, setor, ocupação, tipo de violência, meio de agressão, autoria, situação geradora dados do provável autor da agressão, evolução, encaminhamentos, além de nexo causal e emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Resultados: Das 54 notificações, 83,3 % ocorreram com mulheres; 35,1% ocorreram com pessoas pretas e pardas; 51,8% dos casos são de violência física; 16,6% a violência foi motivada por racismo e 1,8% por assédio sexual. Além disso, 50% dos prováveis autores são homens. Ademais, em 33 dos casos ocorreu emissão da CAT. Conclusões: Ao descrever e analisar casos de violência no trabalho em um hospital universitário terciário, através das fichas de notificação, além de obter informações sobre os casos específicos, permite o monitoramento contínuo das tendências de violência. Isso ajuda a avaliar a eficácia das intervenções e a ajustar estratégias conforme necessário. Ao trazer a violência no trabalho à luz, deixa de ser normalizada na sociedade, favorecendo a uma cultura de não tolerância à violência.

Introduction: The World Health Organization (WHO) defines violence as the use of physical force or power, threatened or actual, against oneself, another person, or against a group or community that results in or is likely to result in injury, death, psychological harm, impaired development, or deprivation. Workplace violence is considered any voluntary action by an individual or group against another individual or group that causes physical or psychological harm, occurring in the workplace or involving relationships established at work. Cases of workplace violence can be reported to the Ministry of Labor and Employment (MTE) through the Workplace Accident Report (CAT), and to the Ministry of Health (MS) through notification to the Notifiable Injury Information System (SINAN). Workplace violence is a public health problem, and its identification and reporting are necessary to address the problem, carry out epidemiological surveillance actions, and define public policies for prevention and health promotion. Objectives: To characterize cases of workplace violence based on notifications to (SINAN) made by an Occupational Medicine Service of a tertiary university hospital. Methods: Descriptive study based on SINAN violence notification data for care provided between July 2022 and March 2024. Data such as function, sector, occupation, type of violence, means of aggression, authorship, generating situation, data on the probable perpetrator of the aggression, evolution, referrals, in addition to causal link and issuance of the Work Accident Communication (CAT) were analyzed. Results: Of the 54 notifications, 83.3% occurred with women; 35.1% occurred with black and brown people; 51.8% of the cases were of physical violence; 16.6% of the violence was motivated by racism and 1.8% by sexual harassment. In addition, 50% of the probable perpetrators were men. Furthermore, in 33 of the cases, a CAT was issued. Conclusions: Describing and analyzing cases of workplace violence in a tertiary university hospital through notification forms, in addition to obtaining information on specific cases, allows continuous monitoring of violence trends. This helps to evaluate the effectiveness of interventions and adjust strategies as necessary. By bringing workplace violence to light, these actions are denormalized in society, favoring a culture of non-tolerance towards violence.