Nos limites da analisabilidade : interrogações a uma psicanálise contemporânea

Abstract

Esta dissertação tem como objetivo pesquisar o fazer psicanalítico frente às patologias que tensionam as fronteiras da atividade do analista. Para tanto, parte-se da problematização dos casos limítrofes na psicanálise contemporânea: configurações psíquicas que, na literatura psicanalítica atual, são nomeadas de diversas formas: fronteiriças, borderline, estados limites, não-neurose, patologias do narcisismo, entre outras denominações que evidenciam uma pluralidade de entendimentos entre os psicanalistas, marcando uma inevitável interrogação à psicanálise. Tais psiquismos, por apresentarem falhas nas representações simbólicas, têm como forma prevalente de escoamento das intensidades não tramitadas, simbolicamente, a força da moção pulsional da segunda tópica freudiana, colocando em xeque o enquadre clássico psicanalítico. Considera-se, portanto, estas manifestações como estados no limite da analisabilidade. A pesquisa tem início na leitura da obra freudiana, visitando momentos da história do movimento psicanalítico em que os limites de analisabilidade foram questionados pela prática clínica, promovendo, assim, um avanço das fronteiras teórico-clínicas, até chegarmos nas contribuições da literatura psicanalítica recente acerca dos estados fronteiriços. Esta revisão da literatura foi conduzida pelo constante interrogante clínico que acompanhou, e segue acompanhando, os avanços teórico-clínicos ao longo história: a influência do analista sobre o analisando. Como articulador da mesma, utilizamos o conceito de contemporaneidade, a partir da visão do filósofo italiano Giorgio Agamben.

Ce travail a comme but la recherche du “faire” psychanalytique en face des pathologies qui rendent les frontières de l’activité de l’analyste tendues. Pour cela, l’on part de la problématique des cas limite de la psychanalyse contemporaine: des configurations psychiques qui, dans la littérature psychanalytique actuelle, sont nommées de plusieurs façons:frontières, borderline, états limites, non-névroses, pathologies du narcissisme, parmi d’autres dénominations qui rendent évidente une pluralité de compréhensions parmi les psychanalystes, ce qui impose une interrogation inévitable à la psychanalyse. Des tels psychismes, qui présentent des failles dans les représentations symboliques, ont la force de la motion pulsionnelle de la deuxième topique freudiènne en tant que forme fréquente d’écoulement des intensités non transmises symboliquement, ce qui mène l’analysabilité à l’échec. La recherche a son début dans la lecture de l’œuvre freudiènne, touchant des moments de l’histoire du mouvement psychanalytique dans lesquels les limites de l’analysabilité furent mises en question pour la pratique clinique, tout en promouvant un avancement des frontières théorique-cliniques, jusqu’à en aboutir aux contributions de la littérature psychanalytique récente sur des états frontières. Cette révision de la littérature fut orientée par l’interrogation clinique permanente qui accompagne, y a toujours accompagné, les avancés théorique-cliniques tout au long de l’histoire: l’influence de l’analyste sur l’analysé. En tant qu’élément d’articulation de la recherche, nous avons utilisé le concept de contemporanéité, selon l’approche du philosophe italien Giorgio Agamben.

This dissertation aims to research the psychoanalytic practice in the face of pathologies that challenge the boundaries of the analyst's activity. In order to do so, it starts with the problematization of borderline cases in contemporary psychoanalysis: psychic configurations that, in current psychoanalytic literature, are named in different ways: borderline, limit states, non-neurosis, pathologies of narcissism, among other denominations that show a plurality of understandings among psychoanalysts, marking an inevitable interrogation to psychoanalysis. Such structures, by presenting flaws in the symbolic representations, have as a prevalent form of flow of intensities not processed, symbolically, the force of the instinctual movement of the second Freudian topic, putting in check the classic psychoanalytic framework. Therefore, these manifestations are considered as states at the limit of analyzability. The research begins with the reading of Freud's work, visiting moments in the history of the psychoanalytic movement in which the limits of analyzability were questioned by clinical practice, thus promoting an advance of theoretical-clinical frontiers, until we reach the contributions of recent psychoanalytic literature on borderline states. This literature review was driven by the constant clinical questioning that followed, and continues to follow, the theoretical-clinical advances throughout history: the influence of the analyst on the analysand. As an articulator of the same question, we use the concept of contemporaneity, from the point of view of the Italian philosopher Giorgio Agamben.