Prescrição de antibióticos por cirurgiões-dentistas brasileiros : resultados preliminares
Fecha
2021Nivel académico
Grado
Tipo
Otro título
Antibiotic prescription by Brazilian dentists : preliminary results
Resumo
Um estudo observacional transversal está sendo conduzido estimando-se 2.384 participantes afim de avaliar a prescrição de antibióticos pelos cirurgiões-dentistas brasileiros. Nesse contexto, o presente trabalho apresenta os dados preliminares do estudo. Foram elegíveis cirurgiões-dentistas atuantes no Brasil em 2021. A coleta de dados se deu por meio de um questionário, individual e anônimo, aplicado em ambiente virtual (plataforma Google Formulários). O questionário foi composto por 32 questõe ...
Um estudo observacional transversal está sendo conduzido estimando-se 2.384 participantes afim de avaliar a prescrição de antibióticos pelos cirurgiões-dentistas brasileiros. Nesse contexto, o presente trabalho apresenta os dados preliminares do estudo. Foram elegíveis cirurgiões-dentistas atuantes no Brasil em 2021. A coleta de dados se deu por meio de um questionário, individual e anônimo, aplicado em ambiente virtual (plataforma Google Formulários). O questionário foi composto por 32 questões, as quais referiam-se à dados gerais (ex: sociodemográficos, de formação e atuação em odontologia), e específicos (ex: situações clínicas em que o dentista realiza prescrição de antibióticos na sua prática, e sobre conhecimentos a respeito da prescrição e segurança dos antibióticos). Previamente à aplicação em nível nacional, o questionário passou por uma fase pré-teste, quando foi submetido a 20 dentistas de diferentes estados brasileiros a fim de avaliar a linguagem do instrumento. A estratégia de recrutamento foi por “bola de neve”, sendo o convite ao estudo divulgado a partir das redes sociais e e-mail dos pesquisadores aos dentistas de suas redes de contatos. Os dados foram analisados de forma agrupada e descritiva, por meio de médias e/ou frequência das respostas, considerando a amostra total. Dentre os 499 respondentes, a idade média foi de 41±42,5 anos (22 – 76 anos), 64,5% foram mulheres, e 40,3% e 9% foram dentistas, respectivamente, do Rio Grande do Sul e Mato Grosso. O tempo médio de formado foi de 15,7±11,9 anos (<1 ano – 53 anos), sendo 45,9% e 44,9% dos dentistas formados em instituições particulares e federais, respectivamente. A maioria dos profissionais (44,9%) reportou ter como maior nível de formação a especialização, enquanto a atuação foi maior na clínica geral (20,4%), seguida das especialidades de periodontia (13,6%), ortodontia (13,2%), e endodontia (12,2%), e em consultório particular (52,5%). Sobre dados específicos, 93,2% (n=465) dos dentistas informou prescrever antibióticos em sua prática. Amoxicilina (83,9%) foi reportado como o antibiótico mais prescrito, e Azitromicina (30,8%) como o segundo. O regime mais prescrito foi de 7 dias (74,6%), e em situações pós-procedimento (68,8%). As situações de prescrição pré- e pós-procedimento, respectivamente, em paciente sistemicamente saudável, foram principalmente em casos de disseminação sistêmica de abscesso periapical (64,9%; 74,2%) e de extração de 3o s. molares com periocoronarite (64,1%; 73,1%). Conduta semelhante de prescrição pré- e pós-procedimento, respectivamente, foi reportada para pacientes de risco: casos de disseminação sistêmica de abscesso periapical (77,4%; 77,2%) e de extração de 3o s. molares com periocoronarite (81,7%; 78,3%). Pacientes considerados de risco, com necessidade de profilaxia antibiótica, foram principalmente aqueles que apresentam história de endocardite (87,3%) e presenta de prótese ou válvula cardíaca (86,5%). Nesses casos, a prescrição de amoxicilina 2g/1h antes (n=141) e 500mg/30min antes (n=96) foram os regimes mais indicados. Apenas 7,5% dos dentistas informou, às vezes, prescrever antibióticos a pedido dos pacientes. Em casos de dúvidas sobre o diagnóstico e em casos em que foi necessário adiar o atendimento, respectivamente, 26,9% e 23,9% dos dentistas relataram às vezes prescrever antibióticos, enquanto 8,8% e 7,7% afirmaram fazer a prescrição. Aproximadamente 1/3 (32,3%) dos profissionais informou acreditar que a prescrição de antibióticos pode aliviar a dor odontológica. Sobre a segurança de uso, 56,6% e 19,8% dos dentistas, respectivamente, não consideram os antibióticos seguros aos pacientes ou tem dúvidas. A vasta maioria (98,1%) dos dentistas considera que os antibióticos possam causar efeitos adversos; e 43,9% dos profissionais reportou que algum de seus pacientes já apresentou efeitos adversos por antibióticos prescritos. Em conclusão, a prescrição de antibióticos é uma prática bastante comum na Odontologia, e os dentistas, de forma geral, demonstraram bom conhecimento acerca da prescrição pós-procedimento em sua prática. Porém, ainda existem situações de dúvidas pelos profissionais, e, consequentemente, espaço para sobreprescrição. ...
Institución
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Odontologia. Curso de Odontologia.
Colecciones
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