Estimativas de perda de hábitat como subsídio à avaliação do estado de conservação de aves campestres no Rio Grande do Sul, Brasil

Abstract

As listas vermelhas de espécies ameaçadas avaliam o estado de conservação de diversos grupos da biodiversidade. A partir de parâmetros relacionados à tamanho populacional, tempo geracional, extensão de ocorrência (EOO), entre outros, as espécies são avaliadas por diferentes critérios podendo ser enquadradas em diferentes categorias de ameaça. Os critérios A e C, avaliam o declínio populacional, podendo-se utilizar dados como perda de habitat dentro do tempo geracional de cada espécie. O objetivo desse trabalho foi avaliar a perda de habitat dentro da EOO de aves campestres do Rio Grande do Sul, avaliadas pelos critérios A e C. Com as coordenadas de ocorrência de cada espécie espacializada em Sistemas de Informações Geográficas foram gerados os Mínimo Polígono Convexo, definidos como a EOO. Foram levantados os tempos geracionais de cada espécie e obtidas as bases de cobertura e uso do solo para o ano de 2014, representando a última lista de espécies ameaçadas estaduais, bem como para o ano correspondente ao início do intervalo de três tempos geracionais por espécie. Obtendo a área campestre para cada um dos anos, a perda de habitat foi calculada a partir da subtração dessas áreas. Com os valores obtidos, cada espécie foi reclassificada segundo os limiares quantitativos estabelecidos pelos critérios e comparada com a categoria oficial. Das 11 espécies avaliadas, 6 tiveram alteração em sua categoria de ameaça, sendo que 3 foram enquadradas em categorias que indicam maior risco de extinção. Os resultados obtidos sugerem que a metodologia proposta para avaliação de perda de habitat dentro da EOO pode ser utilizada complementarmente à outros parâmetros que avaliam o risco de extinção das espécies. Entretanto, para a avaliação final é preciso levar em consideração outros fatores, como o efeito resgaste, bem como o uso de outros critérios. A metodologia utilizada aqui apresenta-se como um potencial para auxiliar a avaliação dos riscos de extinção também para outros grupos de aves e vertebrados terrestres.