Efeito de uma gramínea exótica sobre comunidades campestres e atividade de invertebrados de solo em campos sul brasileiros

Abstract

Espécies exóticas são comummente associadas com perdas no número de espécies nativas e mudanças na estrutura de comunidades, acima e abaixo do solo. Acima do solo, tais mudanças normalmente ocorrem em nível de espécies e, abaixo, comunidades de invertebrados do solo também podem ser afetadas, possivelmente levando a impactos em processos ecossistêmicos. Eragrostis plana Nees, uma graminea cespitosa Sul-Africana, é considerada uma das plantas exóticas mais problemáticas nas regiões campestres sul brasileiras pois pode formar amplas aglomerações, possivelmente responsáveis por reduzir a qualidade da forragem e reduzir o espaço disponível para espécies nativas. Suas características biológicas a tornam altamente eficiente em colonizar locais perturbados e manejados. Apesar de pesquisas terem sido conduzidas a seu respeito, pouco se sabe sobre seus efeitos ecológicos, acima e abaixo do solo. Neste estudo, foi avaliada a estrutura vegetal de áreas de campo ao longo de um gradiente de ocupação por E. plana, como também avaliado a atividade alimentar de invertebrados de solo. Para ampliar nossa abordagem, utilizamos caracterísitcas da forma de vida das plantas para vislumbrar padrões nas comunidades sobre efeito de E. plana. A influência de E. plana sobre taxas de consumo foi avaliada com o teste bait-lamina, comparando-se o desempenho encontrado em parcelas dominadas pela espécie exótica com parcelas dominadas por espécies nativas, prostradas e cespitosas. No geral, nossos resultados mostraram que E. plana esteve claramente corelacionada com a riqueza de espécies e equabilidade da comunidade. Composição de especies e suas formas de vida também estiveram relacionados com a presença da espécie exótica. A atividade alimentar de invertebrados de solo não foi afetada pela presença de E. plana na comunidade.

Non-native species are commonly associated with losses in the number of native species and changes in community structure, above and below ground. Above ground, such changes usually occur at the species level, while below the soil invertebrate communities may also be affected, possibly leading to impacts on ecosystem processes. Eragrostis plana Nees, a South African tussock grass, is considered one of the most problematic non-native plants in the Brazilian southern grasslands areas because it can form large stands, possibly responsible for reducing forage quality and reduce the space available to native species. Biological characteristics make it highly efficient colonizer in managed and disturbed sites. Although several studies have been conducted about it, little is known about its ecological effects, above and below ground. In this study, plant community structure was evaluated along a gradient of E. plana cover and the effects of the alien species on plant species richness, community evenness and plant composition were analyzed. To broaden our approach, life form traits were used to discern patterns in community’s functional traits. Additionally, the influence of E. plana on consumption rates was evaluated with the bait-lamina test comparing the performance found in plots dominated by non-native species and on plots dominated by native species, prostrate and tussock. Overall, our results showed that E. plana is significantly correlated with effects on species richness and evenness. Species composition and life form relative abundances were also related to the presence of the exotic plant. Moreover, feeding activity of soil invertebrates was not affected by the presence of E. plana community.