Alfabetização poetizada : uma proa para o sujeito d’escrito

Abstract

Essa dissertação aborda a Alfabetização poetizada enquanto busca de redefinir o lugar da palavra na vida a partir das primeiras experiências na escola e enquanto objeto-causa da própria seriação que constitui o sistema escolar, situando-se, como conceito, dentro e fora do sistema. Distingue-se pela forma com que o aluno nela se insere, ao levar em conta o sentido da Alfabetização como experiência profunda da palavra. A Proa (holófrase, como contração das palavras “professora alfabetizadora”) enquanto lugar de relação com um ensino que situa a palavra poética como aquela capaz de mobilizar o aluno na direção da constituição do seu desejo de escrever, porém passando antes pelo discurso falado, através das fabulações e dos jogos de linguagem como experiência de criação. A hipótese de que é da intensa vivência da fala espontânea com seus alunos, com independência em relação à estrutura, que a Proa poderá compreender e empreender uma Alfabetização fundada no desejo do aluno em aprender a ler e escrever. Sem antes comparecerem as palavras no discurso poetizado a se produzir entre Proa e alunos, mantém-se em suspensão qualquer programa previamente estabelecido quanto ao ensino de como escrevê-las. A produção discursiva entre Proa e alunos é guiada pela mesma referência que produz a poesia e as formações do inconsciente, segundo a psicanálise, essenciais na constituição subjetiva. Fundamenta-se na teoria psicanalítica e na poética. Leva em conta o conceito de inconsciente, de fantasia e de poética na constituição das condições para o processo da Alfabetização, bem como no conceito de objeto a, em Lacan, objeto causa do desejo e constituinte da subjetividade em sua dimensão inconsciente.

This dissertation approaches the Poeticized Literacy while trying to redefine the place of the word in life from the first experiences at the school cause-object of the seriation that is the school system, taking position, as a concept, inside and outside the system. It distinguishes itself by the way the student on it is inserted, taking into account the meaning of literacy as a deep experience with words. The Proa (in Portuguese, both translated as bow – the bow of a boat, forepart – and a contraction of the words "literacy teacher" - "professora alfabetizadora"), while site of relationship with a teaching which places the poetic construction as the one capable of driving the student towards the constitution of its desire to write, although going, at first, through the spoken communication, via fables and language games. The hypothesis that it's from the intense experience of spontaneous talking with its students, with independence in relation to the structure, that the Proa will be able to understand and engage the Literacy, based on the desire of the student in learning to read and write. Without first appearing the words in the poeticized articulation between Proa and students, it is maintained in suspension any previously established program on the teaching of how they are written. The communication production between Proa and students is guided by the same reference which produces poetry and the formations of the unconscious, being also, as psychoanalysis practice unfolds, essential to the subjective constitution With the interruption of any previously established program on the teaching of how words are written, without a previous turn up of it's signs over the poeticized speech to be produced between Proa and students. It is grounded in psychoanalytic theory and poetic. Takes into consideration the concept of the unconscious, the fantasy and the poetry in the creation of conditions for the process of Literacy, as well as Lacan's concept of the a-object, the cause-object of desire and part of the subjectivity on its unconscious dimension.