Remoção de ácido acetilsalicílico por adsorção

Abstract

Poluentes emergentes são substâncias que estão disseminadas no meio ambiente e no abastecimento de água potável, cujos efeitos a longo prazo ainda são desconhecidos. Englobam-se nesta categoria fármacos, hormônios, esteroides, pesticidas e alguns resíduos industriais, entre outros. Os fármacos merecem grande atenção enquanto contaminantes, visto que processos convencionais de tratamento de efluentes não conseguem removê-los com eficiência, e seu efeito cumulativo pode ser danoso a organismos vivos e aos ecossistemas. O AAS, anti-inflamatório não esteroide (AINE) com ação analgésica, antipirética e anticoagulante, é um dos medicamentos mais utilizados no mundo há mais de cem anos, e, assim como diversos AINEs, pode ser consumido sem prescrição médica, o que ocasiona sua presença em diversos corpos hídricos. Entre as técnicas que surgem como alternativas em potencial para a remoção destes poluentes encontra-se a adsorção. O objetivo deste trabalho foi estudar a remoção do fármaco ácido acetilsalicílico (AAS) da água, através da adsorção em carvão ativado comercial. Os experimentos, em batelada, consistiram no estudo da influência dos seguintes parâmetros: pH, tempo de adsorção e concentração de sólido adsorvente, com o objetivo de se encontrar as condições ótimas de operação. O estudo cinético foi realizado pela comparação dos modelos de pseudo-primeira ordem (PPO) e pseudo-segunda ordem (PSO) Além disto, foi construída a isoterma de equilíbrio para este sistema e os dados foram ajustados aos modelos de Freundlich e Langmuir. Os melhores resultados foram obtidos em pH 4, concentração de sólido adsorvente de 5 g L-1 e tempo de contato entre as fases de 40 minutos. Nestas condições foi possível obter 97% de remoção. O modelo cinético que melhor se ajustou aos dados experimentais foi o de pseudo-primeira ordem (R² = 0,983), com os parâmetros Q1 de 3,9455 mg g-1 e K1 igual a 0,1618 min-1. No estudo de equilíbrio, o modelo de Langmuir ajustou-se satisfatoriamente aos dados, com um coeficiente de determinação (R²) de 0,993 e parâmetros KL e Qmáx iguais a 0,1241 L mg-1 e 129,7 mg g-1, respectivamente. Com estes resultados concluiu-se que o processo de adsorção em carvão ativado é eficiente na remoção de AAS de soluções aquosas e que a técnica pode ser utilizada como uma interessante opção para o tratamento de efluentes contaminados com fármacos.