Olhando o presente a partir do futuro : a pedagogia do cinema de ficção científica

Abstract

Neste artigo, sob a perspectiva dos estudos culturais de inspiração pós-moderna e pós-estruturalista, buscamos indicar como os filmes de ficção científica têm operado na configuração de um mundo futuro, altamente tecnológico, bem como dos sujeitos que nele viverão, a partir de representações que exacerbam e satirizam modos de viver já em curso nas sociedades contemporâneas. O cinema, assim como outras pedagogias culturais, atua na produção e no governo dos indivíduos em um mundo repleto de tecnologias da informação e da comunicação, promovendo deslocamentos nas suas subjetividades. Para promover tal discussão, abordamos seis filmes de ficção científica cujas análises focalizaram a perturbadora semelhança entre seres humanos e máquinas, representadas nestes filmes como criaturas ciborgues, pós-humanas e pós-orgânicas. Indicamos, também, a proliferação de lixo tecnológico e lixo humano nas sociedades “do futuro” e, ainda, a substituição do disciplinamento moderno por ações bastante sutis de controle.

From a postmodern and poststructuralist-inspired cultural studies perspective, we have sought to show how science-fiction films have worked upon the shape of a highly technological future world, and subjects to live in it. We have drawn on representations aggravating and deriding ways of living and issues in contemporary societies. Like other cultural pedagogies, cinema acts on the production and govern of individuals in an information and communication-based world, causing displacements in their subjectivities. To encourage this discussion we have addressed six sci-fi films whose analyses focused on the disturbing similarity between human beings and machines represented as cyborgs, posthumans and post-organic beings. We have also addressed the spread of technological and human garbage in ‘future’ societies, and the replacement of very subtle ways of control for modern discipline.