A abordagem da sexualidade no ensino de ciências

Abstract

Durante meus estágios em Biologia e em Ciências, fiquei surpresa em descobrir, através da vivência na escola e por comentários de outros colegas estagiários, que os professores não abordam temas relacionados à sexualidade e sexo quando falam sobre o corpo humano. Mais que isso, muitos destes professores apenas utilizam o livro didático e mal conseguem pronunciar as palavras “pênis” e “vagina” para as crianças sem se sentirem encabulados. Com a centralização do papel da sexualidade, especialmente nas sociedades ocidentais, levar para a sala de aula discussões e debates que excedam os limites teóricos do corpo humano deveria fazer parte do planejamento dos professores. Inserir no trabalho docente escolar a sexualidade na adolescência não implica no controle desta, mas sim na sua discussão e reflexão como uma dimensão fundamental da vida de todos nós. Objetivando descobrir o que os alunos entendem por sexualidade e como é seu contato com temas relacionados a ela na instituição escolar, realizei uma pesquisa de caráter qualitativo acerca deste tema. Para isso, apliquei um questionário a três alunos e gravei um debate em forma de mesa redonda com um grupo de oito alunos em duas escolas de Porto Alegre. Com base nas respostas, busquei analisar quais são as temáticas relacionadas à sexualidade abordadas pelos professores e como estes professores lidam e ensinam estes assuntos dentro de sala de aula. Todos os alunos parecem ter algum contato com o tema na escola, porém, por suas respostas, percebemos que os professores ainda se mantém presos em ensinar conceitos biológicos de maneira tradicional, descaracterizando assim a sexualidade como um tema complexo e de importância fundamental na construção pessoal de cada aluno.