A formação do gosto musical na crítica jornalística de Herbert Caro no Correio do Povo (1968-1980) : da torre de marfim ao rés do chão
Data
2011Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Esta dissertação pretende analisar como o crítico Herbert Caro (1906-1991) instiga o gosto pela música de concerto, considerando que o jornalismo tem a função mediadora de aproximar do leitor os campos especializados e que a crítica é um espaço fértil neste sentido. Alemão judeu radicado no Brasil em 1935, Caro foi figura ativa no cenário cultural portoalegrense de meados do século XX. Sua coluna Os melhores discos clássicos estreou no principal jornal do Rio Grande do Sul à época, o Correio do ...
Esta dissertação pretende analisar como o crítico Herbert Caro (1906-1991) instiga o gosto pela música de concerto, considerando que o jornalismo tem a função mediadora de aproximar do leitor os campos especializados e que a crítica é um espaço fértil neste sentido. Alemão judeu radicado no Brasil em 1935, Caro foi figura ativa no cenário cultural portoalegrense de meados do século XX. Sua coluna Os melhores discos clássicos estreou no principal jornal do Rio Grande do Sul à época, o Correio do Povo, em 22 de fevereiro de 1959, e circulou semanalmente durante mais de vinte anos. Para este estudo, utilizamos a análise de conteúdo e adotamos como corpus de pesquisa os anos em que esses textos estiveram inseridos no suplemento Caderno de Sábado (1967-1981). Elegemos uma amostra composta de todo o período em que o encarte foi publicado nos doze meses, o que exclui 1967 e 1981. Trabalhamos com 26 colunas, selecionadas após a leitura flutuante do universo de 466 textos. A análise procura identificar, por um lado, os conteúdos mobilizados pelo colunista para preparar a escuta dos discos clássicos e, por outro, as estratégias cronísticas usadas para aproximar a música de concerto do leitor leigo. Percebemos que Herbert Caro prescreve predominantemente a escuta da tradição da música de concerto europeia, em especial a dos séculos XVIII e XIX, mas também algumas obras contemporâneas, o repertório nacional, o folclore e o “pop” – visto como porta de entrada para desenvolver o gosto. As palavras de Caro estão sempre revestidas por uma aura de sedução, prometendo a música de concerto como algo acessível, necessário à vida, e como fonte de prazer, de conhecimento e de distinção social. Com intuito pedagógico, o crítico preocupa-se em alicerçar o contato do leitor com essa música, fornecendo um guia de escuta, com contextualização rápida e orientações práticas. O colunista também se coloca como um incentivador do consumo de discos e orienta que a compra seja baseada no gosto pessoal, na novidade e na assinatura de artistas consagrados. A explícita voz pessoal de Caro reforça a credibilidade angariada no prestígio do espaço jornalístico que ocupa e busca a aproximação com o leitor. O forte vínculo com o local traz a realidade do leitor para o texto, instigando seu envolvimento e construindo um retrato da cidade. A linguagem informal desmancha o ar sisudo da música de concerto com diminutivos, aumentativos, superlativos, provérbios, oralidade, trocadilhos e analogias. Concluímos que Herbert Caro foi um típico homem de letras. Crítico diletante e impressionista, soube explorar o espaço jornalístico para traduzir os códigos da música de concerto para o leigo e incentivar a escuta, colocando seu conhecimento enciclopédico a serviço do leitor e orientando o consumo dos discos clássicos. ...
Abstract
This dissertation intends to analyze how the critic Hebert Caro (1906-1991) entices the liking of classical music, considering that journalism has the mediation function of approximating readers to specialized fields and that the criticism is a fertile expression in this sense. German Jew rooted in Brazil in 1935, Caro was an active figure in Porto Alegre’s cultural scene during the mid-twentieth century. His column Os melhores discos clássicos (The best classical records) began in February 22n ...
This dissertation intends to analyze how the critic Hebert Caro (1906-1991) entices the liking of classical music, considering that journalism has the mediation function of approximating readers to specialized fields and that the criticism is a fertile expression in this sense. German Jew rooted in Brazil in 1935, Caro was an active figure in Porto Alegre’s cultural scene during the mid-twentieth century. His column Os melhores discos clássicos (The best classical records) began in February 22nd 1959, in Rio Grande do Sul’s main newspaper at the time, Correio do Povo, and circulated weekly for more than twenty years. For this study, we used content analysis and adopted as our research corpus the years when the texts were publish in the supplement Caderno de Sábado (1967-1981). We elected a sample composed of the period in which the supplement was published for twelve months, hence excluding 1967 and 1981. We worked with 26 columns, selected after an initial reading of a universe including 466 texts. The analysis aims at identifying, at one hand, the contents mobilized by the columnist to prepare the listening of classical records and, at the other hand, the chronicle strategies used to approximate the laymen reader to classical music. It came to our attention that Hebert Caro prescribes predominantly the listening of the European classical music tradition, especially from the eighteenth and nineteenth centuries, but also some contemporary pieces, national repertoire, folklore and “pop” – seen as a starting point to develop taste. Caro’s words always have a seduction aura to them, promising classical music as something accessible, necessary to life, and as a fountain of pleasure, knowledge and social distinction. With pedagogical intent, the critic is concerned with cementing the contact of the reader with such music, providing a listening guide, with rapid contextualization and practical orientation. The columnist also places himself as an inciter of record consumption and orientates the buy towards personal taste, novelty and signature of consecrated artists. Caro’s explicit personal voice reinforces the credibility related to the prestige of the journalistic field that occupies and looks for an approximation to the reader. The strong liaison to the local brings the reality of the reader to the text, enticing involvement and building a portrait of the city. The informal language dissolves the sternness of classical music with diminutives, augmentatives, superlatives, proverbs, orality, play on words and analogies. We conclude that Hebert Caro was a typical man of letters. Dilettante and impressionist critic, he knew how to explore the journalistic space to translate the codes of classical music to the laymen and to stimulate the listening, putting his encyclopedic knowledge in service of the reader and orientating the consumption of classical records. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação.
Coleções
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Ciências Sociais Aplicadas (6097)Comunicação e Informação (601)
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