Estigma e conhecimento do autismo em diferentes regiões do Brasil

Abstract

O estigma historicamente foi definido como um julgamento da sociedade em relação a algum atributo (e.g. físico, mental) de um indivíduo, porém a conceitualização foi ampliada para considerar também as suas raízes sociais. Especificamente no campo do transtorno do espectro autista (TEA), a literatura brasileira sobre estigma e conhecimento no TEA, ou foca apenas no estigma, ou apenas no conhecimento sobre esta condição. Contudo, são escassos os estudos que integrem ambos, uma vez que são construtos relacionados. Da mesma forma, é importante conhecer como a literatura nacional e internacional investigam este tema, quanto a aspectos conceituais e metodológicos. Para responder a estas questões, foram propostos dois estudos. O primeiro estudo intitulado as relações entre estigma e cultura no contexto do transtorno do espectro autista: revisão integrativa, investigou, entre outros aspectos conceituais e metodológicos, de que forma a variável cultura é conceituada e analisada nos estudos com foco no estigma e conhecimento sobre TEA. O segundo estudo, intitulado Estigma público e conhecimento sobre o transtorno do espectro autista em diferentes regiões do Brasil, objetivou investigar como ocorre a relação entre estigma e conhecimento sobre o transtorno do espectro autista em diferentes regiões do Brasil, com base em um banco de dados pré-existente. Os participaram foram 532 pessoas, sendo a maioria delas universitários e do sexo feminino, oriundos de diferentes regiões do território brasileiro. Foram utilizadas a Escala de Atitudes em Relação à Pessoa com Autismo (EARPA) e a Escala de Conhecimento sobre o Autismo (ECAT), sendo utilizado o paradigma de redes, nas análises. Os resultados revelaram uma variação na forma como estes dois constructos interagem, revelando especificidades em cada região. Tais particularidades foram interpretadas à luz da Psicologia Transcultural. Ambos os estudos são interligados e inovam nas investigações neste campo, tanto ao tratar das relações entre estigma e conhecimento sobre o TEA e o papel da cultura, neste contexto, quanto pela complexidade das análises empregadas.

Stigma has historically been defined as a judgment by society regarding some attribute (e.g. physical, mental) of an individual. Specifically in the field of autism spectrum disorder (ASD), the Brazilian literature on stigma and knowledge in ASD either focuses only on stigma or only on knowledge about this condition. However, studies that integrate both constructs are scarce, since they are interrelated. Furthermore, it is important to understand how national and international literature investigates this topic, regarding conceptual and methodological aspects. Two studies were proposed: . The first one, entitled The relationships between stigma and culture in the context of autism spectrum disorder: an integrative review, sought to investigate, among other conceptual and methodological aspects, how the variable culture is conceptualized and analyzed in studies focusing on stigma and knowledge about ASD. An integrative review of national and international literature on this topic was carried out. The second study, entitled Public stigma and knowledge about autism spectrum disorder in different regions of Brazil, aimed to investigate how the relationship between stigma and knowledge about autism spectrum disorder occurs in different regions of Brazil, using a database. A total of 532 people participated in the study, the majority being female university students. The participants came from different regions of Brazil. The Attitudes towards People with Autism (EARPA) scale and the Knowledge about Autism (ECAT) scale were used, using the network paradigm in the analyses. The results revealed a variation in the way these two constructs interact, revealing specificities in each region. These particularities were interpreted in the light of Transcultural Psychology. Both studies are interconnected and innovative as they take into account the role when studying the relationships between stigma and knowledge about ASD and also due to the complexity of the analyses employed.