Suscetibilidade de uropatógenos de humanos, caninos e felinos a fármacos convencionais e a fármacos não disponíveis no Brasil

Abstract

A infecção do trato urinário (ITU) figura entre as causas mais prevalentes de enfermidades tanto em seres humanos quanto em cães e gatos, constituindo um desafio clínico complexo. O espectro de agentes patogênicos abrange principalmente bactérias Gram-negativas, tais como Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterococcus spp. e Proteus spp. Devido à notável incidência desses microrganismos como desencadeadores de ITUs, frequentemente observa-se a presença de mecanismos de resistência antimicrobiana associados a eles. Essa relação entre os microrganismos e a resistência antimicrobiana contribui para a complexidade do cenário das ITUs e ressalta a necessidade contínua de estratégias eficazes de tratamento e controle. A presente pesquisa visa à avaliação da suscetibilidade de cepas bacterianas multirresistentes, isoladas de ITUs de humanos, cães e gatos, frente à gama de antibióticos rotineiramente empregados na prática clínica, bem como aos antibacterianos ainda não incorporados na terapêutica de humanos e animais domésticos no Brasil: cefiderocol (FDC), eravaciclina (ERV), sulfato de ceftolozana + tazobactam (C/T), omadaciclina (OMC) e lefamulina (LMU). Dentre os resultados observados, destacou-se maior incidência de resistência frente à LMU. Os fármacos OMC, FDC e ERV revelaram níveis variáveis de eficácia, especialmente em cepas de K. pneumoniae isoladas de cães e gatos. Contrapondo esta tendência, a combinação C/T demonstrou plena eficácia contra todos os uropatógenos testados. É fundamental destacar que, embora a média de resistência antimicrobiana tenha apresentado valores mais baixos entre as cepas isoladas de cães e gatos quando submetidas aos antibióticos convencionais, em certos casos observou-se um aumento significativo na resistência cruzada em relação aos compostos que ainda não estão disponíveis comercialmente, em comparação com os isolados de origem humana. Frente a essa situação, é essencial adotar ações proativas, que incluam tanto a pesquisa e criação de novos recursos terapêuticos quanto a aplicação de estratégias abrangentes de controle em todas as esferas da saúde.

Urinary tract infection (UTI) ranks among the most prevalent causes of ailments in humans, dogs, and cats, constituting a complex clinical challenge. The spectrum of pathogenic agents mainly encompasses Gram-negative bacteria, such as Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterococcus spp., and Proteus spp. Due to the notable incidence of these microorganisms as triggers for UTIs, the presence of antimicrobial resistance mechanisms associated with them is frequently observed. This interplay between microorganisms and antimicrobial resistance contributes to the complexity of the UTI landscape, underscoring the ongoing need for effective treatment and control strategies. This present research aims to evaluate the susceptibility of multidrug-resistant bacterial strains isolated from UTIs in humans, dogs, and cats. The assessment covers a range of antibiotics routinely employed in clinical practice, as well as antibacterial agents not yet incorporated into the therapeutic repertoire for humans and domestic animals in Brazil: cefiderocol (FDC), eravacycline (ERV), ceftolozane + tazobactam (C/T), omadacycline (OMC), and lefamulin (LMU). Among the observed outcomes, higher resistance rates were particularly noticeable in relation to LMU. The drugs OMC, FDC, and ERV exhibited varying levels of efficacy, especially in K. pneumoniae strains isolated from dogs and cats. In contrast to this trend, the C/T combination demonstrated full efficacy against all tested uropathogens. It is crucial to highlight that while the average antimicrobial resistance rates were lower among strains isolated from dogs and cats when subjected to conventional antibiotics, there were cases where a significant increase in cross-resistance was observed concerning compounds not yet commercially available, compared to human-origin isolates. Faced with this situation, proactive measures are essential, encompassing both research and the development of new therapeutic resources, along with the implementation of comprehensive control strategies across all facets of healthcare.