Acolhimento institucional para crianças e adolescentes : indagações sobre branquitude e decolonialidade sob um ponto de vista clínico do trabalho

Abstract

O presente estudo compreende uma pesquisa cuja temática é o trabalho como atividade no contexto do acolhimento institucional para crianças e adolescentes, modalidade abrigo residencial. Destacamos que este espaço de garantia de proteção integral a crianças e adolescentes é vinculado à alta complexidade do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Na pesquisa buscou-se conhecer as microgestões dos processos de trabalho analisando a expressão da branquitude aí operada. Pelo campo da Clínica do Trabalho, em especial pela abordagem da Clínica da Atividade, analisamos o trabalho enquanto atividade, o que possibilita acompanhar o traçado dos processos da branquitude por entre o Trabalho em Situação. Do ponto de vista Clínico do Trabalho podemos posicionar o problema do gênero profissional como chave para discutir o lugar da branquitude. O gênero profissional como lastro por onde se produz e reproduz a branquitude e seus efeitos de ofício do acolhimento institucional. Importante posicionar que para a sustentação do percurso dessas indagações, o trabalho de Tatiane Oliveira (2021) nos é caro. Nessa direção, para o percurso de análise tecido com as trabalhadoras e trabalhadores apostamos nas pistas cartográficas, a qual é capaz de acompanhar processos de microgestão cotidiana daqueles que trabalharam. Para conhecermos a artesania do trabalhar no contexto do acolhimento institucional, utilizamos instrumentos metodológicos da Clínica da Atividade, como entrevistas individuais com os trabalhadores, as quais apostamos na possibilidade da produção de análise em conjunto dos trabalhadores. A partir desse estudo, apontamos a potência de espaços de dialogia para que os trabalhadores discutam e analisem sua atividade, cultivando e se reconhecendo como protagonistas ativos de transformações no e pelo trabalho e propiciando fortalecer uma Clínica do Trabalho Antirracista.

This study comprises research whose theme is work as an activity in the context of the residential modality institutional reception for children and teenagers. We highlight that this integral space of protection safeguard for children and teenagers is bound to the high complexity of the Unified Social Care System (SUAS) [Sistema Único de Assistência Social]. The research sought to get acquainted to the micromanagement work processes by analyzing the expression of whiteness that operates in it. Through the Work Clinic field, specially by the Activity Clinic’s approach, we construe work as activity, which enables us to accompany the outlining of whiteness amid the In Situation Work. From the Work Clinic’s point of view, we are able to situate the professional gender problematic as a key to discuss the whiteness’s place. Professional gender as a foundation through which whiteness and its profession effects in institutional reception are produced and reproduced. It is important to say that, for sustaining, on the course of these inquiries, the work of Tatiane Oliveira (2021) will be dear to us. This way, for the course of analysis weaved alongside the workers, our bet lies with the cartographic clues, which are capable of following the daily micromanagement processes of those workers. In order for us to know the crafts of the job in the context of institutional reception, we utilize methodological instruments derived from the Activity Clinic, such as individual interviews with the workers, through which our intent is the possibility of creating a joint analysis of them. Through this study, we point to the potency of dialogology spaces for the workers to discuss and analyze their activity, recognizing and cultivating themselves as active protagonists of transformations both in and for the job, as well as enable the strengthening of an Anti-racist Work Clinic.