Progresso, cidade e subjetividade : Rio Pardo, "A cidade que não vai pra frente"

Abstract

A presente tese tem como objetivo problematizar como a relação entre narrativa, cidade e subjetividade, em seus processos de visibilidade e invisibilidade, produz o(s) presente(s) de Rio Pardo. Tomaram-se como sustentação teórico-metodológica autores e autoras pós-estruturalistas, em especial, Michel Foucault e outros(as) pensadores(as), principalmente os(as) que remetem às noções de verdade e modos de subjetivação, como Walter Benjamin e seus críticos, no que se relaciona às análises dos conceitos de cidade, memória e progresso. Como ponto de intersecção entre ambos os autores e seus pensamentos, encontra-se o conceito de história. Na presente tese, portanto, buscou-se tensionar a forma como as narrativas históricas vêm sendo contadas e o que elas produzem. Utiliza-se como materialidade de análise o cotidiano de Rio Pardo, cidade localizada no interior do Rio Grande do Sul, produzida como “pequena” e conhecida como “parada no tempo” e estagnada. Para buscar as materialidades que compõem esta análise, utilizei certos procedimentos, como diário de campo, notícias veiculadas pelas mídias digitais e impressas, livros das histórias e lendas da cidade e demais documentos que materializam e regulamentam a constituição histórica do município. Esta pesquisa não se trata apenas de uma crítica ao progresso, mas de um exercício ético-político que faz frente às narrativas de atraso, problematizando a relação direta entre o progresso e a precarização das vidas e de suas condições em territórios de interior, além de pensar novas formas de narrar a cidade, buscando sair de uma narrativa única e universal. Por fim, esta tese buscou, aos moldes benjaminianos, trazer suspiros de esperanças e um (re)olhar para a forma como as narrativas vêm sendo contadas.

This dissertation aims to problematize the way that the relationship between narrative, city and subjectivity, in its processes of visibility and invisibility, produces the present(s) of Rio Pardo. Post-structuralist authors were taken as theoretical-methodological support, particularly Michel Foucault and other thinkers, especially those who address the notions of truth and modes of subjectivation, such as Walter Benjamin and his critics, regarding the analysis of the concepts of city, memory and progress. As a point of intersection between both authors and their thoughts, there is the concept of history. Therefore, in this dissertation, I attempted to problematize the way that historical narratives have been told and what they have produced. The daily life of Rio Pardo, a city located in the countryside of Rio Grande do Sul, produced as “small” and known as “stuck in time” and stagnant, is taken as material of analysis. To collect this material, I used procedures such as a field journal, news broadcast by digital and printed media, books on the city's stories and legends, and other documents that materialize and regulate the historical constitution of the city. This research is not just a critique of progress, but also an ethical-political exercise that confronts narratives of backwardness, by problematizing the direct relationship between progress and the precariousness of lives and their conditions in the countryside, in addition to think of new ways of narrating the city, aiming at escaping a single, universal narrative. Finally, in Benjaminian fashion, this dissertation sought to bring some hope and (re)look at the way narratives have been told.

La presente tesis tiene como objetivo problematizar de que forma la relación entre narrativa, ciudad y subjetividad, en sus procesos de visibilidad e invisibilidad, produce el (los) presente(s) del Rio Pardo. Se tomó como sustento teórico-metodológico a autores y autoras posestructuralistas, especialmente Michel Foucault y otros(as) pensadores(as), principalmente aquellos(as) que abordan las nociones de verdad y modos de subjetivación, como Walter Benjamin y sus críticos, en relación a los análisis de los conceptos de ciudad, memoria y progreso. Como punto de intersección entre ambos autores y sus pensamientos, se encuentra el concepto de historia. En esta tesis, por lo tanto, se buscó tensionar la forma en que vienen siendo contadas las narrativas históricas y lo que éstas producen. Se utiliza como materialidad de análisis el cotidiano del Rio Pardo, ciudad ubicada en el interior de Rio Grande do Sul, caracterizada como "pequeña" y conocida por estar "detenida en el tiempo" y estancada. Para recopilar las materialidades que componen este análisis, utilicé procedimientos como diario de campo, noticias transmitidas por los medios digitales e impresos, libros de historias, leyendas de la ciudad y otros documentos que materializan y regulan la constitución histórica del municipio. Esta investigación no se trata solo de una crítica al progreso, sino de un ejercicio ético-político que enfrenta las narrativas de atraso, problematizando la relación directa entre el progreso y la precarización de las vidas y de sus condiciones en territorios del interior, además de pensar en nuevas formas de narrar la ciudad, intentando salir de una narrativa única y universal. Finalmente, esta tesis buscó, siguiendo el estilo benjaminiano, traer suspiros de esperanza y una (re)mirada sobre la forma como las narrativas vienen siendo contadas.