Da aceitação ao confronto : a ação política da burguesia industrial no Brasil no período neodesenvolvimentista

Abstract

Este trabalho tem por tema a relação entre burguesia e política. Para tal, adotou-se como objeto de estudo a burguesia interna e a burguesia industrial durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT). O objetivo principal consistiu em analisar a relação entre o programa político da burguesia industrial (Custo Brasil) e suas movimentações políticas oscilantes, para compreender seu posicionamento frente ao neodesenvolvimentismo e ao neoliberalismo ortodoxo, ambos hegemonizados por outras frações de classe. Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma pesquisa qualitativa com base em entrevistas e documentos publicados dos representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e de seis federações estaduais da indústria (FIESP, FIEMG, FIERGS, FIRJAN, FIESC e FIEP). Identificou-se que as organizações industriais obtiveram uma dificuldade, denominada de “fraqueza relativa”, quanto à implementação de sua agenda política “Custo Brasil”. Dessa forma, a falta de hegemonia política dessa fração de classe permitiu constatar que esses industriais não detinham forças políticas para a condução de seu programa de forma independente e, assim, participaram como apoiadores em frentes políticas com outras frações de classe. Em um primeiro momento, o fizeram com setores da grande burguesia interna e também alguns setores das classes trabalhadoras do campo e da cidade em torno do neodesenvolvimentismo e, em um segundo momento, com os movimentos da burguesia associada, apoiando o retorno do neoliberalismo ortodoxo. O trabalho tem como contribuição o entendimento da ação política oscilante dos industriais durante o período neodesenvolvimentista.

This paper focuses on the relationship between the bourgeoisie and politics. To this end, the internal bourgeoisie and the industrial bourgeoisie during the governments of the Workers’ Party (PT) were adopted as objects of study. The main objective was to analyze the relationship between the political program of the industrial bourgeoisie (Custo Brasil) and its oscillating political movements in order to understand its political actions of acceptance and confrontation in the face of neo-developmentalism and orthodox neoliberalism, both hegemonized by other class fractions. To achieve this objective, a qualitative study was conducted based on interviews and published documents from representatives of the National Confederation of Industry (CNI) and six state industry federations (FIESP, FIEMG, FIERGS, FIRJAN, FIESC and FIEP). It was identified that industrial organizations had a difficulty, called “relative weakness,” in implementing their political agenda “Custo Brasil.” Thus, the lack of political hegemony of this class fraction was found to mean that these industrialists did not have the political strength to conduct their program independently and thus participated as supporters in political fronts with other class fractions. At first, they did it with sectors of the big domestic bourgeoisie and also some sectors of the working classes in the countryside and in the city around neo developmentalism and, at a later stage, with the movements of the associated bourgeoisie, supporting the return of orthodox neoliberalism. The work contributes to understanding the oscillating political action of industrialists during the neo-developmentalist period.

Este trabajo se centra en la relación entre la burguesía y la política. Para ello, se adoptó como objeto de estudio la burguesía interna y la burguesía industrial durante los gobiernos del Partido de los Trabajadores (PT). El objetivo principal fue analizar la relación entre el programa político de la burguesía industrial (Custo Brasil) y sus movimientos políticos oscilantes para comprender sus acciones políticas de aceptación y confrontación frente al neodesarrollismo y el neoliberalismo ortodoxo, ambos hegemonizados por otras fracciones de clase. Para lograr este objetivo, se realizó un estudio cualitativo basado en entrevistas y documentos publicados de representantes de la Confederación Nacional de la Industria (CNI) y seis federaciones industriales estatales (FIESP, FIEMG, FIERGS, FIRJAN, FIESC y FIEP). Se identificó que las organizaciones industriales tenían una dificultad, denominada “debilidad relativa”, para implementar su agenda política “Custo Brasil”. Así, se concluyó que la falta de hegemonía política de esta fracción de clase implicaba que estos industriales carecían de la fuerza política para llevar adelante su programa de forma independiente, por lo que participaron como simpatizantes en frentes políticos con otras fracciones de clase. Inicialmente, lo hicieron con sectores de la gran burguesía nacional y también con algunos sectores de las clases trabajadoras del campo y la ciudad en torno al neodesarrollismo, y posteriormente, con los movimientos de la burguesía asociada, apoyando el retorno del neoliberalismo ortodoxo. El trabajo contribuye a comprender la acción política fluctuante de los industriales durante el período neodesarrollista.