A influência do sono no apetite e no peso corporal : uma revisão narrativa

Abstract

Os estudos recentes sugerem que a privação e a má qualidade do sono podem impactar no apetite e no peso corporal. Esse impacto envolve mecanismos hormonais, neurológicos e comportamentais complexos. Assim, o objetivo deste trabalho foi revisar na literatura atual os achados sobre a relação entre sono, apetite e peso corporal.Trata-se de uma revisão narrativa de estudos que relacionam o sono com apetite e peso corporal, publicados no período entre os anos 2000 e 2025. A busca na literatura foi realizada nas bases de dados PUBMED e Web of Science durante o mês de Abril e Maio de 2025, norteada pela seguinte pergunta de pesquisa: “Qual a relação da qualidade e duração do sono com o aumento de apetite e do peso corporal?” Após seleção e leitura dos estudos, 7 deles foram incluídos nesta revisão. Os resultados mostram que o sono impacta, principalmente, os hormônios leptina e grelina. Estudos mostram que a sincronização temporal desses hormônios é essencial para o equilíbrio da ingestão alimentar, sendo prejudicada por distúrbios do sono, o que pode levar ao aumento do apetite em horários inadequados e ao ganho de peso. Tanto em adultos, quanto em crianças, a curta duração e a má qualidade do sono estão associadas a maior responsividade alimentar, desejo por alimentos ricos em gordura e açúcar, alterações no índice de massa corporal (IMC) e resistência à hora de dormir, além de distúrbios do sono como apneia e sonolência diurna. Trabalhadores de turnos noturnos apresentam preferência por alimentos hiper palatáveis e menor ingestão de proteína. Em relação ao peso corporal, tanto a curta quanto a longa duração do sono podem impactar negativamente o IMC. Diante desses achados, reconhece-se o sono como pilar fundamental na saúde metabólica. Estratégias em saúde visando um peso saudável, bem como prevenção e tratamento da obesidade devem incluir, além da alimentação equilibrada e da prática de atividade física, a avaliação e o cuidado com a qualidade do sono.

Recent studies suggest that sleep deprivation and poor sleep quality can impact appetite and body weight. This impact involves complex hormonal, neurological, and behavioral mechanisms. Thus, the objective of this work was to review the current literature on the findings regarding the relationship between sleep, appetite, and body weight. This is a narrative review of studies relating sleep with appetite and body weight, published between the years 2000 and 2025. The literature search was conducted in the PUBMED and Web of Science databases during the months of April and May 2025, guided by the following research question: “What is the relationship between sleep quality and duration with increased appetite and body weight?” After selecting and reading the studies, 7 of them were included in this review. The results show that sleep primarily impacts the hormones leptin and ghrelin. Studies show that the temporal synchronization of these hormones is essential for the balance of food intake and is impaired by sleep disorders, which can lead to increased appetite at inappropriate times and weight gain. In both adults and children, short duration and poor sleep quality are associated with greater food responsiveness, craving for foods high in fat and sugar, changes in body mass index (BMI), and resistance to bedtime, in addition to sleep disorders such as apnea and daytime sleepiness. Night shift workers show a preference for hyperpalatable foods and lower protein intake. Regarding body weight, both short and long sleep durations can negatively impact BMI. Given these findings, sleep is recognized as a fundamental pillar of metabolic health. Health strategies aiming at a healthy weight, as well as the prevention and treatment of obesity, should include, in addition to a balanced diet and physical activity, the assessment and care of sleep quality.