Avaliação de parâmetros toxicológicos do extrato hidroalcoólico de Hymenaea coubaril L. (jatobá) in vitro e in vivo no modelo de Caenorhabditis elegans

Abstract

Hymenaea courbaril L. (Fabaceae), conhecida como “jatobá”, é uma planta nativa da América do Sul amplamente utilizada na medicina popular brasileira, especialmente nos biomas Cerrado e Caatinga. Tradicionalmente empregada no tratamento de diversas enfermidades, essa espécie tem despertado interesse científico devido seu potencial terapêutico. O presente estudo avaliou o perfil toxicológico e os efeitos fisiológicos do extrato hidroalcoólico da casca do caule de H. courbaril em modelos in vitro e in vivo. Os principais fitoquímicos identificados no espécime vegetal foram cumarinas, flavonoides, compostos fenólicos, taninos e saponinas, destacando-se a astilbina (AST) como componente majoritário. Foram conduzidos testes de citotoxicidade e genotoxicidade em três linhagens celulares de mamíferos humanos e murinos (RAW 264.7, L929 e MRC-5), ensaio de mutagenicidade com Salmonella/microssoma, genotoxicidade (ensaio cometa alcalino) e análises toxicológicas no modelo alternativo de Caenorhabditis elegans. Os resultados demonstraram baixa toxicidade e ausência de genotoxicidade, além de potente atividade antioxidante. No modelo de C. elegans, a LC₅₀ foi de 15.076,99 μg/mL, e concentrações elevadas afetaram levemente a sobrevivência, desenvolvimento e reprodução dos animais. O extrato também apresentou efeitos protetores contra estresse oxidativo induzido por H₂O₂, com modulação da expressão de genes relacionados ao estresse (SOD-3, GST-4, CTL-1/2/3) e das vias DAF-2 e SKN-1. Esses achados corroboram o uso tradicional de H. courbaril e indicam que seu extrato possui propriedades farmacológicas promissoras com baixo risco toxicológico, reforçando seu potencial como fonte de novos agentes terapêuticos antioxidantes e moduladores de estresse.

Hymenaea courbaril L. (Fabaceae), commonly known as “jatobá,” is a plant native to South America and widely used in Brazilian folk medicine, particularly in the Cerrado and Caatinga biomes. Traditionally employed in the treatment of various ailments, this species has attracted scientific interest due to its therapeutic potential. The present study evaluated the toxicological profile and physiological effects of the hydroalcoholic extract from the stem bark of H. courbaril using both in vitro and in vivo models. The main phytochemicals identified included coumarins, flavonoids, phenolic compounds, tannins, and saponins, with astilbin (AST) being the major constituent. Cytotoxicity and genotoxicity assays were performed on three mammalian cell lines (RAW 264.7, L929, and MRC-5), alongside a mutagenicity test using the Salmonella/microsome assay, genotoxicity (alkaline comet assay), and toxicological assessments in the alternative model organism Caenorhabditis elegans. The results revealed low toxicity, absence of genotoxic effects, and strong antioxidant activity. In the C. elegans model, the LC₅₀ was determined to be 15,076.99 μg/mL, with higher concentrations exerting only mild effects on survival, development, and reproduction. The extract also conferred protection against oxidative stress induced by H₂O₂, modulating the expression of stress-responsive genes (SOD-3, GST-4, CTL-1/2/3) and the DAF-2 and SKN-1 signaling pathways. These findings support the traditional use of H. courbaril and suggest that its extract holds promising pharmacological potential with a favorable toxicological profile, reinforcing its value as a source of novel antioxidants and stress-modulating therapeutic agents.